sábado, 28 de janeiro de 2012

A morte e a condição humana


TODOS MORREM. INCLUSIVE, EU:
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA

José Aristides da Silva Gamito

Existe uma certeza que não pode ser relativizada em nossas vidas: A morte. Todos morrem. Inclusive, eu. A aceitação desta verdade nos ajuda a viver melhor. Quando as pessoas se esquecem de que são finitas, cometem muitos erros como falta de humildade, prepotência, egoísmo. A arrogância é resultado do esquecimento da mortalidade. Quando nos lembramos de nossa fragilidade, admitimos que nós precisamos dos outros.
Muitas pessoas vivem presas no egoísmo. A insistência em viver de modo individualista é uma ilusão, é contrária à razão. Veja prova simples. Nós precisamos dos outros o tempo todo. Todos os bens e serviços que utilizamos no dia a dia foram produzidos coletivamente. Sem a contribuição e a participação das outras pessoas em nossas vidas, estaríamos vivendo em um estado selvagem.
Há pessoas que dizem que não precisam de ninguém e que não confiam em ninguém. Mas colocam suas vidas nas mãos do motorista de ônibus, do médico, do dentista. E se o motorista ou o médico surtar naquele dia e resolver matar você? Você tem certeza de que o garçom não colocou veneno na porção que você pediu? A vida em sociedade é feita de laços de confiança. Mesmo sem confiar muito, temos de confiar em certas pessoas.
Portanto, a prepotência, o egoísmo, tudo carece de inteligência. Nós somos mortais e limitados. Não fazemos tudo sozinho e nem vivemos para sempre. Lembro-me do conceito de angústia do filósofo Kierkegaard. A finitude e a consciência de que temos de realizar escolhas, às vezes, nos angustia. Mas esta é a nossa condição humana. A aceitação dela nos ajuda a viver melhor e é ato de sabedoria. A negação dela nos encarcera numa vida ilusória.
As pessoas se posicionam de diferentes modos diante da mortalidade. Há quem a ignora e vive uma vida de arrogância e de ensimesmamento. Há aqueles que se desesperam com a finitude e até adoecem. Há aqueles que tendo consciência da finitude se jogam no desfrute dos prazeres. Esses vivem uma vida hedonista.
Todos correm o risco de comprometer o futuro deles. A vida exige sabedoria para dosar o prazer, a angústia, a preocupação, a tranqüilidade. Nem uma solução desesperada, nem displicente, nem ignorante. Nada disso resolverá o drama humano. O que nos atormenta ao mesmo se torna a nossa singularidade: O homem é único até consciência de sua mortalidade e o único a poder decidir o que fazer com ela.

Fé e razão: A justa medida e o espaço de cada uma


A CONTRADIÇÃO INTRÍNSECA DA INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

José Aristides da Silva Gamito

A intolerância religiosa traz uma contradição intrínseca. Pois a maioria das religiões, ou quase todas, prega o bem do ser humano. No caso do cristianismo, a contradição se torna mais evidente ainda. Como posso defender minha verdade ofendendo “meu irmão”? Mas o apego irracional a uma verdade faz qualquer cristão se esquecer do mandamento do amor ao próximo. A tentação de se ter uma única e absoluta verdade está muito presente no ser humano, mas por que somente a nossa verdade é certa? Não poderiam haver outras verdades?
Todos têm direito de acreditar numa determinada doutrina, mas temos de ser racionais e admitirmos a possibilidade de que a crença do outro também tem sentido, porque no fundo as duas têm as mesmas possibilidades de serem negadas ou aceitas. A diferença está no lado em que cada um está. Não podemos cair também num “extremo” relativismo de todas as opiniões.
O mesmo esforço mental que um realiza para crer numa verdade ou outro também o faz. Você já percebeu a analogia entre politeísmo e Trindade? O esforço humano para crer é o mesmo. Por que um tem de ser mais lógico do que o outro? Todas as religiões se sustentam em cima de um mesmo princípio gnoseológico: A fonte do conhecimento é a fé. O conteúdo desta fé é garantido pelo testemunho de alguém ou por uma revelação divina. A revelação também possui a fragilidade de ser transmitida por meios humanos.
Praticamente, todas as religiões se sustentam desde tempos imemoriais sobre milagres e feitos sobrenaturais, a diferença é que chamamos de mitos as crenças alheias e as nossas de doutrinas reveladas. É o etnocentrismo que nos faz enxergar de forma unilateral.
Muitos ignoram todo o patrimônio adquirido pelas ciências em muitos séculos de pesquisas e jogam tudo por terra simplesmente para defender antigos conhecimentos que não tinham a menor pretensão de serem científicos. Não podemos ser anacrônicos nas respostas aos velhos problemas da humanidade!
Quando não se admite a historicidade das verdades religiosas, temos pela frente a porta aberta para várias formas de fundamentalismos. O fundamentalismo incita as pessoas à violência. Qualquer religião mal conduzida pode incitar ao ódio, mas por que justificamos sempre os erros de nossa religião? Será que temos direitos de cometê-los porque temos a verdade? Eles não são menos graves do que os das outras religiões? Não dá para sustentar um mandamento do amor incondicional ao próximo que comporta em si uma exceção: “Ame todas as pessoas como a si mesmo, exceto se elas forem de outra religião”.
O egoísmo humano e sua pretensão de vingança a quem discorda dele fazem com que as pessoas preguem ao extremo a condenação a quem não sustenta a mesma crença. Será que você tem o direito de decidir quem será salvo? Tornar-se intérprete da vontade do divino é uma atitude muito grave e perigosa.
É muita contradição! Vivemos numa época repleta de avanços e de esclarecimentos e as pessoas ainda continuam tendo uma fé ilusória, baseada em comportamentos tão “antigos”, “primitivos”. Mas acham que eles superam qualquer explicação moderna conquistada pela ciência! Isso não significa que a ciência seja absoluta. A ciência e a religiosa, todas as duas dão respostas aos problemas humanos. A diferença é que a religião dá velhas respostas aos velhos problemas e a ciência dá novas respostas aos velhos problemas. Os princípios religiosos são absolutos, enquanto a ciência admite o erro e a limitação.  Assim como há crentes fundamentalistas, há também cientistas radicais que pensam que a ciência é absoluta.
O antídoto contra o fundamentalismo religioso parece ser o conhecimento da historicidade dos dogmas. Muitos fiéis seguidores de igrejas fazem tanto alvoroço, mas sabem tão pouco de sua religião, fazem uma leitura mágica da Bíblia. Muitos ateus e agnósticos chegaram às suas conclusões não por ignorância, mas pelo conhecimento. Em todos os casos é preciso buscar o conhecimento iluminado pela razão. As pessoas que trilham os caminhos da fé de modo lúcido, não cometem discriminação. Você quer continuar defendendo a fé pela ignorância? A fé exige a compreensão: “Credo ut intelligam, intelligo ut credam”.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Projeto fracassado ou em construção?


Fome na África: Um desafio ético para a humanidade.


O CRISTIANISMO ENTENDIDO COMO UM PROJETO FRACASSADO

José Aristides da Silva Gamito*

O assunto que iremos discutir pode causar um mal estar às pessoas de fé. Queremos responder a seguinte questão: “Será que a sublimidade do ideal cristão conseguiu se concretizar na prática de modo satisfatório e convincente?” Os princípios fundamentais do cristianismo propõem uma revolução de mentalidade e mudança das relações individualistas em relações fraternas. Sem dúvida, muitas personalidades na história incorporaram este ideal.
Mas se formos analisar bem o cristianismo como um projeto ético e político aplicado às sociedades, perceberemos que ele não se concretizou à altura do que se propõe. Primeiramente, basta olhar para a história para vermos as atrocidades cometidas em nome dele. Segundo, o cristianismo foi fragilizado pelo poder do capitalismo. A sociedade capitalista altamente competitiva e marginalizadora se encontra na contramão da solidariedade cristã.
Atualmente morrem 24 mil pessoas no mundo por causa da fome. Com as novas políticas internacionais da ONU, há previsão de que até 2020 o problema seja amenizado ou sanado nos continentes, exceto na África que tem a previsão de ter até lá 24 milhões de crianças subnutridas.  O problema da fome e da desigualdade social são problemas claramente políticos e dependem da boa vontade dos mais ricos. O que agrava a situação é que os países que podem reverter o quadro são majoritariamente cristãos, se não são, se baseiam em princípios herdados do cristianismo, como os ideais iluministas.
Se pensarmos de modo local, veremos o problema se repetindo em escala menor. Nas pequenas e médias cidades brasileiras, encontramos um número majoritário de cristãos declarados. Mas nesses lugares há distinção entre centro e periferia, existem pessoas que têm duas ou três casas, ao lado de pessoas que vivem de aluguel. Muitos têm de sobra enquanto outros passam por necessidades. O mais irônico é que essas classes opostas se encontram nas igrejas e compartilham os mesmos ideais.
Há conivência com o mal social entre opressores e oprimidos. O grande escândalo do cristianismo são pecados contra a unidade e igualdade. Os cristãos se dividem em diversas igrejas, em diversas classes e partidos. Eles pregam a fraternidade, mas vivem se estranhando na sociedade. Não negamos o ideal e nem a prática de algumas pessoas. Mas, enquanto um projeto totalizante, podemos entendê-lo como fracassado e incapaz de convencer pessoas.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Discussão sobre Intolerância Religiosa


DIA MUNDIAL DA RELIGIÃO: VERDADE E INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

José Aristides da Silva Gamito

No dia 21 de janeiro, comemoramos o Dia Mundial da Religião. A data entrou em vigor em 1949 com o objetivo de aproximar as diversas religiões. É importante que cada vez mais surjam iniciativas para apaziguar as divergências entre as religiões.
Não podemos cair no radicalismo de dizer que toda religião é má. Do mesmo modo que não podemos ser ingênuos a ponto de afirmarmos que toda religião é boa. O problema principal não é religião, são as pessoas. Mas os dogmas de uma religião influenciam muito os comportamentos. Há bons comportamentos forjados pela religião? Sim. Porém, temos que admitir que religião é um assunto sério. E quando algo é levado extremamente a sério, mesmo uma ideia que poderia ser boa, mas, por causa do fanatismo, chega a passar por cima das pessoas, estamos diante de um barril de pólvora.
Religião é um fenômeno cultural ambíguo. Ela pretende o bem. Mas instiga a pessoa buscar um bem a todo custo, acima de todas as possibilidades. Então, sem razão e sem senso crítico, a fórmula está pronta para gerar a intolerância. Sejamos crentes ou ateus, temos de ser sempre moderados porque todo zelo em excesso se torna vício. Se nós defendemos demais um ponto de vista como a única verdade, ficamos cegos e nos autorizamos com todas as justificativas a ofender e perseguir o outro que discorda de nós.
Não é fácil discutir este assunto. Em todos os lados, temos de ter cuidado com a pretensão de termos uma única e absoluta verdade. A questão é muito crítica quando se trata de cristianismo porque é uma religião que sustenta seus dogmas em textos antigos. Não temos todas as informações para decidirmos se Jesus e os apóstolos aprovariam este ou aquele dogma. Diante de tantas lacunas, como podemos decidir em nome daquilo que não conhecemos. É preciso prudência sempre, admitir nossas limitações históricas, culturais e respeitar as diferenças!


Internet e comunicação de qualidade:


 OS MEMES DO BEM PARECEM SER MAIS LENTOS,
MENOS O DA “LUIZA, QUE ESTÁ NO CANADÁ”

José Aristides da Silva Gamito

A difusão rápida e pegajosa do meme “Menos a Luiza, que está no Canadá” gera uma interessante discussão sobre a qualidade da nossa comunicação virtual. Nesta semana de 15 a 21 de janeiro, não se falou outro assunto na internet a não ser Luiza que estava no Canadá e o suposto estupro no Big Brother Brasil 12. Para quem ainda não está familiarizado com o termo “meme”, este designa uma unidade de informação que vai se multiplicando. A palavra foi cunhada por Richard Dawkins, em 1976. A internet que é um ótimo instrumento de comunicação, de integração de pessoas em torno de um bem comum tem sido usada meramente para um entretenimento banal.
As redes sociais se tornaram meios de repetição de frases prontas, quando alguém compartilha algo, ele já encontrou pronto. De modo geral, os assuntos são bem preconceituosos, muitos deles fazem piadas com situações sérias da vida. Dentre os sites mais visitados está o facebook com 570 milhões de visitas. No fundo, a internet está servindo somente para diversão e relacionamentos sociais com pouca qualidade. Ainda nos consola o fato de um site como a Wikipédia ser muito acessado.
Apesar de uma origem para fins militares, o primeiro uso social da internet foi feito pelas universidades. O objetivo era compartilhar conhecimento, o grande sonho dos iluministas do século XVIII. Hoje, isso tudo é possível e valorizamos pouquíssimo esta mídia para a difusão dos memes do bem. Eles parecem ser mais lentos. Uma brincadeira como o meme da “Luiza” prolifera tão rápido e antigas e necessárias frases para um mundo melhor como “ama teu próximo como a ti mesmo” ou “não faças aos outros o que não desejas que façam a ti” não se consolidam como deveriam.
            É claro que o entretenimento tem seu espaço na vida das pessoas, na mídia, principalmente, mas o que ressaltamos aqui é que estamos gastando tempo demais com certas brincadeiras que acabam ocupando o espaço de difusão de grandes ideias que podem garantir até mesmo o destino da humanidade como a solidariedade, a ética ambiental. Estamos globalizando piadas no lugar de globalizarmos princípios que salvarão a nossa espécie.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Ética e sociedade:


SERÁ QUE AS PESSOAS ESTÃO MAIS INTOLERANTES?

José Aristides da Silva Gamito

Observando vários noticiários recentes, temos a sensação de que as pessoas da nossa geração estão mais intolerantes. Mas isso não é mera impressão, muitas evidências apontam para a presença forte de um comportamento agressivo e intolerante na sociedade, principalmente, quando se trata de pessoas mais jovens.
Nos últimos meses, acompanhamos notícias como agressão de torcedores a jogadores, linchamento de motoristas por populares, rapazes que agridem moças ao levarem um fora na “balada”. Hoje, as pessoas não suportam ser contrariadas. Muitos preconceitos que a gente imaginava extintos estão cada vez mais fortes no meio social. As minorias sempre sofrem por causa disso.
Será de onde vem esta intolerância? Temos de recordar que até os anos 60 ou mais a família era patriarcal e os valores morais eram garantidos à base da repressão. Com o fim desse modelo de família, muitos quiseram optar pela educação liberal. Mas se esqueceram que toda forma de educação comporta em si a correção. Hoje, enfrentamos uma geração que foi educada sem tapas e sem nunca ouvir um “não”.
Não podemos nunca nos esquecer que o homem é um animal, ele se torna humano pela educação. A gente precisa de limites, de ouvir “não”, de pequenas punições para que aprendamos a viver em sociedade. Muitos pais se deram mal ao deixarem seus filhos à vontade, à mercê de uma educação espontânea.
Não soubemos realizar a transição entre a repressão e a liberdade. Embarcamos no falso ideal de que a liberdade é absoluta, sem limites. Para viver em sociedade nós precisamos saber que temos à nossa frente tanto direitos quanto deveres, esses nos impõem limites para que demos espaço para que o outro também seja livre.
Sociedade intolerante? Certamente é porque existem pessoas sem limites e que pensam ter a verdade absoluta. Elas não toleram as diferenças, as outras opiniões. A nossa sociedade precisar se educar para a compaixão e o respeito à diversidade!

sábado, 14 de janeiro de 2012

Poesia IV


SEGREDOS DE UM OLHAR

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”
(José Saramago)

Teus olhos guardam mil e um segredos,
Posso ver tua angústia e tua alegria,
Teu desejo, teus medos,
Eles são as janelas de teus abismos,
Os mesmos que me atraem,
Ora me afastam de ti.

Cada olhar tem sua singularidade,
Dói-me tanto ver olhar de fome
Projetado pelas ruas,
Mas olhares opulentos não vêem miséria.
Olhar, enxergar, reparar, ver –
Uma questão de aprender!

Olhares trazem apelos,
Quem vive na penumbra ignora
 A tarefa que o mundo nos confia a toda hora:
“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.
Pois tem tanto egoísmo aqui dentro
Quanto tem dor lá fora.
Olhe, veja, repare!


José Aristides da Silva Gamito
Conceição de Ipanema, 14/02/2012

domingo, 8 de janeiro de 2012

Religião e ateísmo:

ORAÇÃO AO DEUS DESCONHECIDO

Antes de prosseguir no meu caminho
E lançar o meu olhar para frente
Uma vez mais elevo, só, minhas mãos a Ti,
Na direção de quem eu fujo.
A Ti, das profundezas do meu coração,
Tenho dedicado altares festivos,
Para que em cada momento
Tua voz me possa chamar.
 Sobre esses altares está gravada em fogo
Esta palavra: “ao Deus desconhecido”
Eu sou teu, embora até o presente
Me tenha associado aos sacrílegos.
Eu sou teu, não obstante os laços
Me puxarem para o abismo.
Mesmo querendo fugir
Sinto-me forçado a servi-Te.
Quero Te conhecer, ó Desconhecido!
Tu que me penetras a alma
E qual turbilhão invades minha vida.
Tu, o Incompreensível, meu Semelhante.
Quero Te conhecer e a Ti servir.

Poema de Friedrich Nietsche.

Fé crítica e lúcida:


SINAIS DE QUE VOCÊ É UM CRISTÃO INTOLERANTE*


A intolerância é fruto da ignorância.
01. Você nega vigorosamente a existência dos deuses de outras religiões mas fica extremamente ultrajado quando alguém nega a existência do Deus que você acredita.

A tentação de se ter uma única e absoluta verdade está muito presente no ser humano, mas por que somente a nossa verdade é certa? Não poderiam haver outras verdades?

02. Você se sente insultado e rebaixado como ser humano, quando vê cientistas dizerem que nós evoluímos a partir de outras formas de vida, mas não vê nenhum problema em acreditar na bíblia que diz que fomos criados de um punhado de terra.

Todos têm direito de acreditar numa determinada doutrina, mas temos de ser racionais e admitirmos a possibilidade de que a crença do outro também tem sentido, porque no fundo as duas têm as mesmas possibilidades de serem negadas ou aceitas.

03. Você ri dos politeístas, mas acha normal em acreditar na Trindade.

O mesmo esforço mental que um realiza para crer numa verdade ou outro também o faz. Você já percebeu a analogia entre politeísmo e Trindade? O esforço humano para crer é o mesmo. Por que um tem de ser mais lógico do que o outro?

04. Você fica ruborizado e nervoso quando ouve falar das atrocidades praticadas em nome de Alá, mas não está nem ai quando houve falar dos genocídios e infanticídios cometidos pelo Deus cristão/Jeová, como os feitos aos bebês do Egito, e a eliminação grupos étnicos incluindo mulheres crianças e animais. Sem contar as atrocidades cometidas contra mulheres, negros e quem não professasse a fé cristã na idade média.

Qualquer religião mal conduzida pode incitar ao ódio, mas por que justificamos sempre os erros de nossa religião? Será que temos direitos de cometê-los porque temos a verdade?Eles não são  menos graves do que os das outras religiões.

05. Você desdenha das crenças hindus e suas deidades humanas, dos gregos com sua crença no relacionamento entre deuses e humanos, mas não vê problemas em acreditar que Maria foi concebida do Espírito Santo, e que esta deu à luz a um homem-deus que foi morto, ressuscitou e ascendeu ao céu.

Praticamente todas as religiões se sustentam desde tempos imemoriais sobre milagres e feitos sobrenaturais, a diferença é que chamamos de mitos as crenças alheias e as nossas de doutrinas reveladas. É o etnocentrismo é que nos faz enxergar de forma unilateral.

06. Você está disposto a gastar seu tempo procurando incongruências nas teorias científicas, fruto de muito trabalho, pesquisa, tecnologia e discussão que estabeleceram a idade da terra (4,55 bilhões de anos). Mas não vê problema algum em acreditar em algo estabelecido por homens pré-históricos sentados em suas tendas que supunham que a terra tinha apenas algumas gerações e que ela era quadrada.

Muitos ignoram todo o patrimônio adquirido pelas ciências em muitos séculos de pesquisas e jogam tudo por terra simplesmente para defender antigos conhecimentos que não tinham a menor pretensão de serem científicos. Não podemos ser anacrônicos nas respostas aos velhos problemas da humanidade!

07. Você acredita que a população inteira do planeta, com a exceção dos que acreditam na mesma crença que você, passará a eternidade em um inferno infinito de sofrimento e humilhação, mas também acredita que sua religião é a mais tolerante e amável que existe.

O egoísmo humano e sua pretensão de vingança a quem discorda dele fazem com que as pessoas preguem ao extremo a condenação a quem não sustenta a mesma crença. Será que você tem o direito de decidir quem será salvo?

08. Enquanto toda a ciência moderna, física, química, historia, geografia, geologia e biologia falharam em convencer você, por alguma razão você ainda continua achando que um idiota que grita, pula, rola no chão, “fala em línguas” e pede seu dinheiro tem todas evidências para você.

É muita contradição! Vivemos numa época repleta de avanços e de esclarecimentos e as pessoas ainda continuam tendo uma fé ilusória, baseada em comportamentos tão animistas e primitivos. Mas acham que eles superam qualquer explicação moderna conquistada pela ciência!

09. Você atualmente sabe menos (decorar não vale) do que muitos ateus e agnósticos sabem sobre a bíblia, cristianismo e história da igreja, mas continua se chamando de cristão.

Muitos fiéis seguidores de igrejas cristãos fazem tanto alvoroço, mas sabem tão pouco de sua religião, fazem uma leitura mágica da Bíblia. Muitos ateus e agnósticos chegaram às suas conclusões não por ignorância, mas pelo conhecimento. Você quer continuar defendo a fé pela ignorância? A fé exige a compreensão: “Credo ut intelligam, intelligo ut credam”.


*Texto compartilhado do blog do Cláudio Mendes, mas com comentários meus, de José Aristides.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Novo espaço:


BRASIL SE TORNA A SEXTA ECONOMIA DO MUNDO:
PRÓS E CONTRAS
José Aristides da Silva Gamito

No fim de dezembro, o jornal The Guardian publicou um estudo apontando o Brasil como a sexta maior economia do mundo. O nosso país tomou o lugar que era do Reino Unido, berço da Revolução Industrial. Os dados são do Centro de Pesquisa Econômica e Negócios (CEBR). Portanto, agora as maiores economias são: Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e o nosso Brasil.
Nos últimos anos, o Brasil deixou de ser visto como somente o país do futebol e do carnaval. Os governos de FHC e Lula trouxeram estabilidade econômica, possibilitando a ascensão social de milhares de brasileiro. Hoje os cidadãos brasileiros têm acessos a bens que eram impensáveis até a década de 90. Isso é uma notícia muito positiva e estímulo para se avançar mais nos negócios neste ano de 2012.
Por outro lado, precisamos analisar o significado desta riqueza do Brasil. A sexta maior economia do mundo continua cheia de desigualdades sociais e de corrupção. Segundo dados da Polícia Federal, em 2011, foram desviados 3,2 bilhões de recursos públicos no país. Foi dinheiro gasto em propina. Por causa deste e de outros fatos que precisamos pensar em um desenvolvimento que leve em conta educação de qualidade, segurança e presença eficiente do Estado, fiscalização no uso dos recursos públicos, combate à criminalidade para que mais pessoas sejam beneficiadas com um sistema de saúde humanizado, melhores salários para que todos tenham acesso a tudo que têm direito.
A notícia do crescimento do Brasil nos alegra e ao mesmo tempo nos alerta para a preocupação do desenvolvimento social e ético. Um país para ser rico de modo que beneficie a todos, precisa de uma educação que leve as pessoas que lidam com o poder a se sensibilizarem com as causas sociais e ambientais. Em geral, a mensagem é avançar sem deixar ninguém para trás.