terça-feira, 20 de março de 2012

Crítica da Religião:


 
O CRISTIANISMO COMO PRODUTO CAPITALISTA

José Aristides da Silva Gamito*

            Temos assistidos nos noticiários ultimamente uma disputa de territórios entre pastores midiáticos. Refiro-me à polêmica entre Edir Macedo e o Apóstolo Valdomiro. Sem entrar no mérito da questão, volto-me para a discussão do que o cristianismo se tornou na época capitalista. Este caso e outros que acontecem em diversas igrejas nos levam a conclusão de que o cristianismo se tornou também um produto capitalista.
            No capitalismo tudo se converteu em bem rentável. A forma como as igrejas adotaram a mídia ocorreu do mesmo modo que as grandes empresas. Igrejas constroem impérios, fazem espetáculos televisivos e vendem objetos religiosos. O marketing religioso é extremamente agressivo e possui as mesmas características do capitalismo selvagem.
            As igrejas têm se justificado seguindo a lógica maquiavélica: Os fins justificam os meios. Já que o grande fim de uma Igreja é anunciar Jesus. E isso é considerado de suma importância, logo, pode-se lançar mão de qualquer meio para engrandecer o nome de Jesus. Isso tem um limite! E o limite é a contradição. Muitas pessoas traem os valores do cristianismo, divulgando-os de modo inadequado.
            O enriquecimento às custas de uma igreja é um escândalo. Se o cristianismo surgiu de um movimento simples com um ideal de inclusão, não dá para conciliar essas duas posições. A Teologia da Prosperidade é a condensação, de certo modo, desta postura. Um escândalo para a realidade latino-americana. Os líderes se enriquecem em cima dos fiéis e prometem riqueza a todos. Mas na realidade isso não acontece.
            Talvez o que falte para disciplinar o que ocorre no Brasil é ter uma legislação mais específica de liberdade religiosa. Todos têm o direito de expressar sua fé, mas usar dela para se enriquecer e manipular ideologicamente as pessoas é um contra valor. Além do problema financeiro que se tornou um escândalo para o cristianismo, temos também o problema das doutrinas.   
            Muitos discursos religiosos são usados para fins médicos e terapêuticos. Se a religião não define bem o seu campo de atuação acaba entrando em choque com outras dimensões da cultura. De modo geral, causas secundárias tiraram atenção dos valores primeiros do cristianismo como amor ao próximo, perdão. No fim a conclusão é esta: Não basta se passar por cristão, é necessário ter convicção desses valores defendidos pelo Evangelho.

*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.

0 comentários: