terça-feira, 22 de agosto de 2017

Estética x Ética



QUAL O LUGAR IDEAL DO CORPO?


José Aristides da Silva Gamito


Se na Antiguidade e no Medievo cristão, o corpo foi negado e vítima de um forte ascetismo, na contemporaneidade as coisas não são diferentes. A herança cristã incutiu nas pessoas uma culpa por ter corpo, por ter sexualidade. Era um extremo. Veio a Revolução Sexual libertou o corpo da religião e, em seguida, submeteu-o à lógica do mercado. O corpo deixou de ser fonte de pecado para ser fonte de prazer.  E depois, tornou-se mercadoria. Estamos em outro extremo.
A relação contemporânea com o corpo trouxe um novo ascetismo. As pessoas voltaram a punir o corpo para dar-lhe uma forma ideal, uma forma padrão. Este é o ascetismo imposto pelo mundo fitness. As pessoas, principalmente, as mulheres, são submetidas a privações e pressões para que tenham um corpo “sarado”. Em contraposição, surgem movimentos como body positivity (positividade corporal), valorização de modelos plus size, para pedir um bastar nesta ditadura do corpo-padrão.
Qual é o lugar ideal do corpo? Este sempre foi e sempre será um desafio da nossa cultura ocidental. Já foi de negação e é agora de supervalorização. O grande problema é a idealização do real. Quando se cria uma imagem ideal e submete a natureza a obedecê-la e a se conformar com ela, temos um problema. A religião faz isso, a estética faz isso. Não podemos forçar todo mundo a ter um corpo malhado para ser aceito. E nem podemos desaconselhar a pessoas a fazerem exercícios e a terem uma alimentação saudável. Deixe o corpo no seu lugar. Precisamos recuperar esta medida: Recuperar o lugar do corpo sem propagandear a obesidade, como ideal, seria outro erro, e nem obrigar as pessoas a serem fitness. A regra é ter saúde. Vale a pena pensar!

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