SE
EU MORRESSE HOJE?
Acompanhando recentemente a comoção
midiática em torno da morte do ator José Wilker e do escritor Gabriel García
Marquez, fiquei pensando, quando qualquer um de nós, simples cidadãos, morrermos,
que legado nós deixaremos? Então, passei a refletir sobre mim mesmo. O que fiz
até hoje? Qual o meu legado?
No âmbito pessoal, posso dizer que
nasci de uma família pobre e de valores cristãos. As minhas pequenas conquistas
são grandes vitórias em relação às minhas origens. Conquistei um diploma de Ensino Superior e um
certificado de pós-graduação, um emprego estável, um casamento que me faz
feliz, casa própria. São passos fundamentais para se viver bem.
Então, se eu morresse hoje já teria
conquistado aquilo que é fundamental para a vida. Mas se eu tivesse mais um
tempo? Publicaria meus livros, fundaria uma ONG para ajudar as pessoas a
ressignificarem suas vidas dilaceradas por tragédias ou condições sociais
precárias. Faria uma especialização stricto
sensu e me dedicaria à filosofia. Eu não poderia deixar reservar um espaço
para a minha paixão por línguas e design gráfico. As artes em geral me atraem,
principalmente, o desenho.
Porém, a vida não acontece de forma
linear. Para dar uns exemplos, Alexandre Magno e Jesus Cristo morreram aos 33
anos e tornaram-se conhecidos mundialmente pelos seus legados. Mas milhares
morrem entre 80 e 90 anos e são conhecidos somente entre familiares e amigos.
Vida longa é uma dádiva, mas o que se faz de bom no tempo, mesmo que seja
pouco, é muito importante. O bom seria se tivéssemos uma vida longa e bem
vivida.
A felicidade é um desafio e depende da
significação da vida. Podemos manter o sentido da vida mesmo diante das maiores
tragédias. São duras, mas a vida não é linear mesmo. Não há planos seguros,
desejamos sempre mais e morreremos com nossos projetos inacabados. No final, se
ao menos, praticarmos a compaixão, a justiça e o bem. Sempre me consola a
filosofia quando falamos em morte, sempre penso que o problema não é a morte,
ela nossa condição, o desafio é viver significativamente nossa condição de
mortal!
José Aristides.