terça-feira, 18 de junho de 2019

Onde se perdeu nosso senso de justiça?


A revelação de mensagens de integrantes da Operação Lava Jato pelo site The Intercepet nos obrigam a fazer uma dolorosa reflexão sobre o que entendemos como justiça. Onde se perdeu nosso senso de justiça? Estamos polarizados demais. Vemos dois tipos de reação às revelações do site: Os lulistas lavaram a alma com o aparecimento de provas do envolvimento parcial do juiz Sérgio Moro no processo do ex-presidente Lula; os bolsonaristas menosprezaram as informações e passaram a atacar fonte jornalística, criminalizando-a. Como avaliar melhor esses extremismos? Esta é a motivação inicial deste texto, mas quero abordar dois tratamentos que temos dado à criminalidade e como temos alterado nosso senso de justiça.
Uma questão que tem me chamado a atenção desde a polarização política que antecedeu as eleições presidenciais é a maneira como o brasileiro entende justiça. Primeiramente, não se pode falar de justiça de modo universal e imparcial. O ódio que as pessoas desenvolveram contra os políticos investigados pela Lava Jato foi tão grande que elas já condenaram todos de antemão, principalmente, se forem do PT. Quanto aos criminosos da violência comum de rua, dos assaltantes, dos sequestradores, dos traficantes, a população também está cheia e indignada. A criminalidade da corrupção política e dos demais crimes gerou em todo mundo uma indignação no nível do ódio.
Muitas pessoas passaram a atacar os direitos humanos e a defenderem linchamento, justiça com as próprias mãos e pena de morte. Por um lado, a indignação é legítima porque nos afundamos em um lamaçal de impunidade que não se resolve nunca. Mas por outro, a indignação faz as pessoas apelarem para métodos não-civilizados de combate ao crime. O conceito reducionista de direitos humanos é perigoso. A máxima maquiavélica prevalece: Os fins justificam os meios. Para extirpar a violência, podemos utilizar qualquer meio, inclusive, assumindo o risco de punição e de extermínio de pessoas inocentes.
No caso dos vazamentos das mensagens dos procuradores, há duas reações complicadas. A primeira. Quem deseja ver o PT derrotado a todo custo, não se importa com a acusação de imparcialidade do juiz. O desejo era condenar o Lula a qualquer custo.  A segunda. Novamente, os fins justificam os meios: O Lula é corrupto, para tirar um corrupto de circulação, podemos usar qualquer meio para julgá-lo. O senso de justiça está perdido e entrelaçado com a militância política. Agora a reação dos petistas é irresponsável. Se a Lava Jato foi parcial, não pode contribuir em nada com o país, vamos acabar com ela? Este é um problema. O momento é do Estado agir com responsabilidade, investigar, punir e aperfeiçoar o combate à corrupção.
O senso de justiça dos brasileiros está afetado pela indignação. Mas se você converte a sua indignação em ódio, você se converte em um justiceiro. O justiceiro confunde justiça com vingança. Para este, os fins justificam os meios. E quando a militância política, de todos os lados, entra neste campo, a justiça está fadada ao fracasso. Este desequilíbrio traz o risco de perdermos o que mais queremos: a moralização do país. Resume bem este risco a famosa expressão “jogar a água da bacia com a criança e tudo”.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

13 PRINCÍPIOS PARA MELHORAR A POLÍTICA EM CONCEIÇÃO DE IPANEMA:


Vamos pensar a política em nível municipal?

1.    Os partidos precisam ouvir a população na hora de selecionar os seus candidatos. Os presidentes dos partidos agem como donos e montam chapas segundo o interesse de grupos e não do bem comum.
2.    O preenchimento do quadro de candidatos a vereadores não pode ser por mera exigência legal, precisa incluir pessoas que tenham competência técnica e ética para se candidatar.
3.    As campanhas eleitorais precisam superar o amadorismo e deixarem de ser uma corrida desenfreada por votos, onde vale trapacear, difamar e gerar inimizades.
4.    Em vez de churrascos, cavalgadas e aniversários, os candidatos deveriam promover debates e reuniões gerais para a apresentação de programas de governo.
5.    Os eleitores têm de mudar a mentalidade e não aceitarem ofertas de emprego, dinheiro e favores em troca do voto.
6.    Os serviços públicos não podem ser sabotados durante o período eleitoral e nem a convivência dentro das igrejas. As campanhas se fazem fora destes espaços.
7.    Às vésperas das eleições, é preciso superar aquela vigilância mútua pela compra de votos e acabar com a mania de sujar as ruas com “santinhos” no dia das eleições.
8.    As comemorações do candidato vitorioso precisam ser mais respeitosas, menos barulhentas, sem foguetes, sem provocações. Na democracia não cabe este tipo de comportamento.
9.    Os novos prefeitos têm de parar de fazer “terrorismo”, pressão psicológica sobre os servidores adversários. Quem vence as eleições não é dono dos servidores e não têm o direito de fazer revanche por causa de oposição.
10.               De modo semelhante, é preciso superar a perseguição política aos servidores e aos cidadãos adversários com a negação ou a dificultação de direitos e de acesso a benefícios públicos.
11.               Além disso, os novos eleitos, além dos cargos de confiança permitidos por lei, não podem negociar os cargos públicos para os amigos e os eleitores. A coisa pública tem de ser imparcial, apartidária.
12.               Para uma política voltada para o bem comum, precisa ser superada a tendência de burlar processos seletivos para empregar só “companheiros” e manipular licitações para vender só para os doadores da campanha.
13.               A população precisa de pensar em política todos os dias e não somente de quatro em quatro anos, participar dos conselhos, das reuniões da câmara e das decisões em audiências públicas, sem pensar unicamente nos benefícios de um partido.
14.               Em se tratando de uma cidade pequena, não vale a pena perder uma amizade por causa de campanha eleitoral. Teríamos de lançar uma campanha municipal para a superação disso: “Faça campanha, não faça inimizades”.
       

Artigo de José Aristides da Silva Gamito

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Atenção:


POR UM MANUAL DE BOAS MANEIRAS NAS REDES SOCIAIS:
VAMOS FALAR DE POLÍTICA COM EDUCAÇÃO?



José Aristides da Silva Gamito

Quando o tema é política, os usuários de redes sociais sempre extrapolam na discussão. A polarização partidária tem demonstrado que nem todo cidadão está preparado para o debate em público. As emoções falam mais alto do que a razão. O que mais encoraja um internauta a xingar o outro de “burro”, “doente”, “lixo” é a ilusão de que ele tem de estar com a verdade, de estar do lado certo da história. O ego infla de ilusão e ele perde o respeito pelo outro.
A prática nos mostra que quanto mais radical somos na defesa de ideias partidárias ou religiosas mais chances temos de errar, de ter de reconsiderar e sempre mudar de rumo. Mas tem gente que não aprende nunca, endeusa um político, se decepciona e parte para endeusar outro. Esta associação da figura do político a um herói ou pessoa mitificada é muito prejudicial à democracia. É justamente estas figuras que se disfarçam dos melhores valores de uma sociedade para conquistar os desavisados.
Além da mitificação do político, existe a visão maniqueísta da nação dividida entre “amigos” e “inimigos” do país. A solidariedade de grupo encoraja as pessoas a defenderem agressivamente suas ideias, com aquela certeza que é do bem e está lutando contra o mal. Essas ideias podem gerar uma histeria coletiva.
Porém, no fundo as pessoas acabam perdendo tempo e amizades. Há muitas opções políticas, de partidos, de valores, que serão julgadas somente pelo tempo. Enquanto, a história está sendo composta, não dá pra fazer um juízo absoluto e hermético. Uma análise dos fundamentos do debate político pode nos ajudar a corrigir essas grosserias gratuitas. Elas são advindas da ausência de educação para tratar de temas coletivos.
Antes de xingar uma pessoa nas redes sociais, o cidadão politizado deveria aprender estas coisas:

a) Proposições coletivas: As proposições sobre política não são exatas como a lógica e a matemática.
b) Equiponderação das opiniões: A mesma quantidade de razões que você tem para defender a ideia A, também tem seu interlocutor para defender a ideia B;
c) Fontes indiretas: Ninguém tem a verdade sobre notícias políticas, não somos testemunhas dos fatos, analisamos a partir de relatos alheios;
d) Argumentação ad hóminem: A opinião não determina a moralidade ou a dignidade de um cidadão; discutir ideias difere de discutir o caráter das pessoas;
e) Desqualificação moral: Xingar em vez de argumentar é demonstração de descontrole emocional e incompetência para discutir;
f) Enfraquecimento do todo por distanciamento das partes: Os debates ofensivos só tendem a piorar a situação do país, sem convergência ninguém vai a lugar algum;
g) A verdade é serena: Se alguém acha que está do lado certo, que tem o conhecimento correto, então, não precisa apelar: Se é a verdade não vai mudar, pode ficar tranquilo.

Acima de tudo, se você que discute política no facebook, se se considera um bom cidadão, então, use boas atitudes na hora de se comunicar: Seja humilde, seja educado, escute o outro, não seja apressado! Está na hora de mudar este comportamento.