sábado, 26 de dezembro de 2015

Latim



A DIFUSÃO DA LÍNGUA LATINA NA ATUALIDADE

José Aristides da Silva Gamito

            Com a retirada no latim da grade curricular da educação básica em 1961, a maioria absoluta da população escolarizada no Brasil perdeu totalmente o contato com a língua.  Propor hoje o ensino do latim para as gerações mais jovens é um desafio. A primeira pergunta que normalmente aparece é: Onde se fala latim? Se disser que é uma língua morta haverá mais resistência ainda. Mas o latim pode ser considerado uma língua morta?
            Na verdade, o latim não é mais uma língua nacional com falantes nativos que o pratiquem no cotidiano. Porém, temos de considerar que é uma língua atuante e bem difundida, possuindo literatura contemporânea e uso em algumas agremiações e mídias. Além de ser a base de toda a cultura ocidental juntamente com a língua grega.
            O português provém do latim, toda a nossa estrutura lingüística e terminologias são latinas. Estudar o latim é compreender a nossa cultura, a contribuição européia para a formação da identidade nacional. Do mesmo modo que devemos conhecer tupi para aprofundar a nossa base genuinamente brasileira. Assim como não posso deixar de mencionar a contribuição africana com suas línguas e que  são pouco divulgadas.

Uso na Igreja Católica
            Durante muitos séculos o latim foi a língua litúrgica do rito romano. Conservou-se também a tradição de redigir nessa língua todos os documentos oficiais da Igreja. As inscrições nos templos, o canto, as solenidades todas eram realizadas em latim. Por isso, era e continua sendo disciplina obrigatória nos seminários e mosteiros.
            O Concílio Vaticano II liberou as celebrações litúrgicas nas línguas nacionais, mas o latim continua sendo a língua oficial do Vaticano e possui uma academia específica, a Opus Fundatum Latinitas. Esta instituição promove a língua através de publicações, concursos e diversas oportunidades de prática. Dentre suas ações está Certamen Vaticanum, um concurso que premia produções literárias em latim. Para orientar o uso contemporâneo da língua a instituição editou o Lexicon Latinitatis Recentis, um dicionário de neologismos latinos úteis para expressar coisas que não existiam no período clássico romano.
            Em Roma, existe também a Accademia Vivarium Novum fundado pelo latinista Luigi Miraglia que ensina, difunde e usa a língua.

Uso do latim nas ciências naturais e humanas
            A nomenclatura científica é tradicionalmente escrita utilizando palavras latinas ou latinizadas. A compreensão de textos científicos e jurídicos depende de uma noção prévia da língua latina assim como da grega. O meio jurídico se utiliza muito de expressões latinas.

Uso nas mídias atuais
            Na Finlândia, existe a Radiophonia Finnica Generalis que veicula notícias em latim pela rádio Yle.  Na música, encontramos desde as canções tradicionais até versões de músicas atuais, inclusive rap em latim. O coral Tyrtarion gravou muitas adaptações musicais de textos clássicos. O músico Keith Massey criou versões latinas de canções natalinas.
            Na literatura, existem as publicações oficiais do Vaticano, traduções de diversos latinistas pelo mundo afora. As revistas Aduléscens e Iúvenis são duas publicações em latim dirigidas ao público jovem.
            Encontra-se o uso de latim até nas redes sociais, exemplo é o twitter oficial do papa @Pontifex_In. Além do crescente hábito dos estudantes de utilizarem as mídias sociais para aperfeiçoar o conhecimento da língua.

Ensino da língua latina
            No Brasil, além de cursos formais nos seminários e universidade são raros os cursos livres para o público em geral. Mas existem materiais didáticos disponíveis em livrarias e na internet suficientes para aprender a língua. O mais famoso é o curso Latina per se Illustrata que tem como principal atração ser um ensino autointuitivo. O método de Orberg baseia-se na aprendizagem natural da língua. A editora Assimil prima pelo ensino do latim a partir de situações contemporâneas. A grande vantagem de se aprender a língua atualmente é seu ensino inovador como língua viva.

Usuários da língua latina
            Embora, não temos notícia de falantes nativos, mas podemos falar de falantes fluentes da língua como padre Reginald Foster (ex-tradutor oficial do Vaticano), o italiano Lugi Miraglia, o espanhol Álvaro Sanchez-Ostiz. São professores que dominam a língua e se propuserem a oferecer cursos atraentes que ensinassem a língua como viva. Portanto, há muitas motivações para aprender latim sem aquelas metodologias tradicionais e pesadas.

sábado, 12 de dezembro de 2015

Tradução Latina



PRO VOCATIÓNIBUS ORÁTIO

Dómine messis et Pastor gregis, invitaméntum tuum forte et suave in áuribus nostris resonáre fac: “Veni et séquere me!”
Spíritum tuum nobis infunde, ut sapiéntiam ad viam vidéndam atque magninimitátem ad vocem tuam sequéndam nobis det.
Dómine, propter opíficum penúria, messis non perdatur.
Communitátis nostras ad missionem excita. Vitam nostram servítium esse doce.
Quos, Regno se totum dare volunt in  consecrata et religiosa vita, róbora.
Dómine, propter pastórum penúriam, gregis ne péreat.
Fidelitátem episcopórum, praesbyterórum minstrórumque sústine. Seminarístis nostris perseverántiam concede.
Iúvenum nostrórum corda, ad pastorale Ecclésiae tuae ministérium, éxcita.
Dómine messis et Pastor gregis, ad pópuli tui servítium voca nos.
Maria, Mater Ecclesiae, ministrórum Evangélii protótypa, ad respondendum “Fiat” nos ádjuva. Ámen.

Tradução da Oração Vocacional (CNBB – 1983). Tradução de José Aristides da Silva Gamito (2001) e Reginaldo Fernandes (2015). Revisão: Mons. Raul Motta de Oliveira.


 Publicado em: MOTTA DE OLIVEIRA, Dóminus Radulphus. Celebratio Eucharistica in Solemnitate Jesu Christi universórum Regis. Ubaporangae: Dioecesis Caratingensis, 2015.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Onomástica

REGASTE DOS SOBRENOMES ORIGINAIS: UM DESAFIO DAS FAMÍLAS DE IMIGRANTES

Introdução
Desde que cheguei a Conceição de Ipanema (MG) o que mais me chamou a atenção foi a quantidade de descendentes de alemães, espanhóis e italianos que existem no município. Como sempre gostei de aprender línguas e ler sobre onomástica, decidi a enumerar os sobrenomes, seus significados e suas histórias. Já escrevi neste blog sobre muitos deles.
Hoje em conversa com um membro da família Louback no facebook, resolvi pesquisar sobre esse sobrenome, o que constatei é que muitas famílias perderam a grafia e a pronúncia original de seus sobrenomes. Louback não é Louback!

A grafia original de Louback
Louback é uma grafia estranha ao alemão porque apresentam combinações vocálicas e consonantais inexistentes ou raras na língua. Segundo o blog “História de Friburgo”[1] a outra grafia deste nome é Laubach. Este, sim, tem características da língua alemã! Portanto, insisto na tese de que a grafia original de Loback é algo como Laubach.
Armindo L. Muller corrobora essa tese ao afirmar: “Só para citar alguns exemplos: Gradwohl virou Gratival; Bröder virou Breder, Gundacker se transformou em Condack; Schwab foi alterado para Schuabb; Laubach é hoje Louback e assim por diante.”[2] O site Hermsdorff concorda.[3]
Se pesquisarmos sobre Laubach, o site House of Names[4] diz que Lauch significa “padeiro”, uma forma medieval. A família surgiu na região da Baixa Saxônia.
Segundo os autores do site, o sobrenome tem muitas variações como Leiber e Leibnitz. Os primeiros registros se encontram nos nomes de Hans Laybel (Nickolsberg, 1414) e de Peter Loeubling (Reutlingen, 1390).
No Brasil, há informações de que a família Laubach, hoje Louback, entrou no país através de Nova Friburgo através de Johannes Werner Laubach por volta de 1779.[5]
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Pronúncia: Laubach soa ˈlaʊbax.




[1] http://historiadefriburgo.blogspot.com.br/2011/04/chegada-dos-colonos-vila-de-nova.html
[2] http://www.djoaovi.com.br/index.php?cmd=section:imigrantes_alemaes
[3] http://www.hermsdorff.net/site/index.php/artigos/historias-e-antepassados/18-hermsdorff-grafia-e-significado-do-nome
[4] https://www.houseofnames.com/laubach-family-crest
[5] http://emmerich-afe.org/wp-content/uploads/2012/07/Os_alemaes_pioneiros_Nova_Friburgo.pdf