TUPI: A LÍNGUA CLÁSSICA DA CULTURA BRASILEIRA
José Aristides da Silva Gamito
O grego e o latim se tornaram referência obrigatória no conhecimento da civilização ocidental. São estudados nas áreas de ciências humanas e já foi considerado status dominar as chamadas línguas clássicas. E na formação da cultura brasileira a quem daremos este crédito? É claro, não podemos nos esquecer da língua tupi ou língua brasílica.
Quando propomos o estudo e a valorização do tupi somos acusados de ter o sonho de Policarpo Quaresma. A integração do conhecimento do tupi aos estudos humanistas e clássicos da cultura brasileira não quer dizer tornar o tupi a língua oficial do Brasil e nem obrigar os brasileiros a falarem esta língua. Na verdade, propomos o conhecimento da língua para entender a evolução de outras línguas indígenas e da própria língua portuguesa. E até mesmo o cultivo da língua por pequenos grupos assim como fazem os círculos de latinidade. Quem quiser sonhar mais longe, que sonhe com sua revitalização!
Os estorvos maiores são provenientes da ideia equívoca que temos da história. Para muitas gerações, o Brasil nasceu falando português. Esta língua nos foi imposta! Na prática, o Brasil falava tupi até o século XVIII. O processo de imposição do português por parte da metrópole foi gradativo.
Portanto, existem muitas e boas razões para o estudo do tupi. O estudo desta língua deveria ser obrigatório nas licenciaturas em Letras/Língua Portuguesa. Ou quem sabe integrar uma parte do currículo do Ensino Médio mesmo como temas transversais. A mania da universalização da língua portuguesa nos impede de ver o Brasil do tamanho que ele é.
O conhecimento do tupi trará mais desenvoltura para alfabetizadores e professores de português no domínio da etimologia, da ortografia e da semântica de muitas expressões brasileiras. Além de elucidar a posição da língua portuguesa na história do Brasil. É aconselhável para quem não conhece o tupi, conhecê-lo. Quem é educador que o acolha nas escolas. Reservem um espaço para a língua máter do brasileiro, nem que seja em forma de pequenas oficinas. Aos poucos, redescobriremos a nossa língua clássica! Kobekatu!