A INCONSTÂNCIA DAS UTOPIAS E O SONHO DA PÁTRIA IDEAL
José Aristides da Silva Gamito*
Desde o paraíso bíblico até as utopias socialistas modernas, estamos sempre sonhando com uma pátria ideal. O episódio bíblico da libertação do povo israelita no Egito por Moisés enche de esperança quem toma conhecimento dele. Aliás, foi um texto muito iluminador para as reflexões da Teologia da Libertação. O movimento operário inspirado pelas ideias marxistas também almejou esta pátria ideal. Assim, ao longo da história muitas utopias foram criadas.
A tão sonhada “Terra sem males” (como é designada a utopia indígena) está sempre em construção. Observamos que sempre quando algum movimento se rotula como a realização plena da utopia, há muitas decepções. Os extremismos são os grandes obstáculos das utopias. A esperança e o desejo de concretizar um ideal se torna tão grande que se perde os limites da razão. Os bem intencionados regimes socialistas se tornaram totalitarismos destruidores das liberdades individuais.
As utopias são necessárias, são sinais de que acreditamos na mudança possível. Os erros cometidos ao longo da história passam pela identificação da utopia com um movimento concreto. Este não pode conter em si todo o ideal, então, acaba por decepcionar as pessoas. Todo movimento de libertação deveria se conceber como provisório, auto-crítico e solúvel.
O mais intrigante é que já houve tantos momentos favoráveis, há tantos discursos em favor da igualdade e de um mundo melhor, mesmo assim a mudança continua sendo uma esperança. Hoje dia 7 de setembro, Dia da Pátria, quis refletir sobre o mundo ideal que buscamos tanto e não se concretiza. Creio que precisamos diminuir as teorias para abraçarmos a mudança com mais convicção, com a consciência de que a humanidade é uma só: A dor de um é a dor de todos!
*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.
Reflexões sobre o Dia da Pátria: Como lidar com as nossas utopias que nunca se concretizam?
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