segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Prosa no Sarau I


O NASCIMENTO DA PALAVRA E DAS ARTES

José Aristides da Silva Gamito

No princípio havia somente o silêncio e as formas inertes. O abismo contemplava a possibilidade, mas nada cantava, nada dançava, nada compunha. A natureza não podia gemer seus ais e nem celebrar as suas alegrias. Mas até que um dia alguém disse um: “Faça-se a luz”. E tudo se iluminou. Um Hermes, o deus mensageiro, tomou a palavra e a disseminou nos quatro cantos do universo. Assim se fez festa.
Primeiro, nasceu a palavra. “No princípio era a Palavra”. Depois veio a arte. Mas quem veio primeiro? Já não sei exatamente. Quando se proferiu o primeiro sussurro, já existiam artes. Não podemos negar. Mas foi justamente a palavra que fez anunciar: Existe Arte! Depois disso, as luzes se acenderam, houve canto, dança poemas, pinturas, esculturas e letras. Não é que uma das coisas mais intrigantes do começo desta história é que as palavras se aninharam em rolos de pergaminhos, em amarrios de códices?!
Há muitos homens e mulheres da palavra: os profetas, os poetas, os radialistas. Assim como há muitas mulheres e homens da arte: escultores, pintores, desenhistas, cineastas. Há um deus da palavra, há um deus da arte. O lógos e a téchne, portanto, criaram o mundo. E eles podem transformar também o mundo. Para isso, basta você tomar seu lápis e numa folha qualquer desenhar um sol amarelo! De um pingo de tinta, de um verso, você pode viajar pelos continentes e se perder na imaginação. Abra, então, as cortinas do palco e deixe arte acontecer, deixe a palavra fluir. Bem-vindo!

Conceição de Ipanema, 15/12/2018 – 1º Sarau Cultural.

0 comentários: