O
NASCIMENTO DA PALAVRA E DAS ARTES
José
Aristides da Silva Gamito
No princípio havia
somente o silêncio e as formas inertes. O abismo contemplava a possibilidade,
mas nada cantava, nada dançava, nada compunha. A natureza não podia gemer seus
ais e nem celebrar as suas alegrias. Mas até que um dia alguém disse um:
“Faça-se a luz”. E tudo se iluminou. Um Hermes, o deus mensageiro, tomou a
palavra e a disseminou nos quatro cantos do universo. Assim se fez festa.
Primeiro, nasceu a
palavra. “No princípio era a Palavra”. Depois veio a arte. Mas quem veio
primeiro? Já não sei exatamente. Quando se proferiu o primeiro sussurro, já
existiam artes. Não podemos negar. Mas foi justamente a palavra que fez
anunciar: Existe Arte! Depois disso, as luzes se acenderam, houve canto, dança
poemas, pinturas, esculturas e letras. Não é que uma das coisas mais
intrigantes do começo desta história é que as palavras se aninharam em rolos de
pergaminhos, em amarrios de códices?!
Há muitos homens e
mulheres da palavra: os profetas, os poetas, os radialistas. Assim como há
muitas mulheres e homens da arte: escultores, pintores, desenhistas, cineastas.
Há um deus da palavra, há um deus da arte. O
lógos e a téchne, portanto,
criaram o mundo. E eles podem transformar também o mundo. Para isso, basta você
tomar seu lápis e numa folha qualquer desenhar um sol amarelo! De um pingo de
tinta, de um verso, você pode viajar pelos continentes e se perder na
imaginação. Abra, então, as cortinas do palco e deixe arte acontecer, deixe a
palavra fluir. Bem-vindo!
Conceição de
Ipanema, 15/12/2018 – 1º Sarau Cultural.
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