A
Revolução da Leitura Popular da Bíblia nas Comunidades Eclesiais de Base de
Vermelho Velho (MG)
José Aristides da Silva Gamito
Depois
do Concílio Vaticano II, a Igreja Católica se reconciliou com a sua realidade
na América Latina. Algumas significativas transformações pastorais ocorreram em
vários países latino-americanos. O relato a seguir é um caso que se insere
neste amplo contexto de renovação conciliar. Na Zona da Mata Mineira,
especificamente na diocese de Caratinga, desenvolveu-se uma prática eclesial
que se centrava na leitura popular da Bíblia que empoderava lideranças rurais
para atuarem na dinamização das comunidades católicas.
A
principal revolução operada nesta fase foi a mudança da Bíblia de mãos. Antes uma
leitura sistemática da Bíblia ficava reservada aos clérigos. Mas quando vários
leigos foram incentivados a ler a Bíblia, eles se despertaram para outros tipos
de leituras do mundo, incluindo, a sócio-política. Na diocese de Caratinga, os
protagonistas da popularização da leitura bíblica foram os sacramentinos Alípio
Jacintho da Costa e João Resende.
Em
Vermelho Velho, tudo aconteceu a partir da década de 50. Sigo relatos orais de
antigas lideranças, sendo um deles meu pai, Aristides Antônio da Silva (foto).
Naquele período, Alípio e João Resende organizaram uma semana bíblica. Era um
período de quase quinze dias de estudo da Bíblia e de pontos de apologética.
Cerca de 15 trabalhadores rurais compareceram. Depois de uma visão geral sobre
a Bíblia, estes homens realizaram uma missão de formar comunidades eclesiais. O
núcleo inicial era estabelecer um lugar de culto e organizar uma equipe que
realizasse os cultos dominicais. Foram estes pioneiros: Joaquim Costa Perázio,
Aristides Antônio da Silva, Agenor Lucas Filho e José Genuíno de Paula, dentre
outros.
Durante
este período foi fundada a maioria das comunidades eclesiais da Paróquia São
Francisco de Assis, de Vermelho Velho, como São José do Vista Alegre, São
Geraldo do Cafezal, Fundaça, São Sebastião do Rochedo. Os agricultores passaram
exercer uma forte liderança religiosa e social nestas comunidades. Além do dado
religioso, a mudança de hábito na vida destes homens foi notável: passaram a
ler mais, a se interessar pelos assuntos comunitários. Esta abertura de
horizontes permitiu que eles percebessem a necessidade de mudar o espaço onde
moravam. Todas estas mudanças foram operadas a partir da descoberta da leitura,
especificamente, da Bíblia.
Para
uma leitura especializada deste movimento, leia:
GAMITO, J. A. DA
S. Hábito de leitura da Bíblia: Um legado da Reforma Protestante e o surgimento
do Mobon na Diocese de Caratinga (MG). Sacrilegens , v. 14, n. 2, p.
65-74, 5 set. 2017.
1 comentários:
Parabéns meu amigo muito bom vou ler mais
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