quarta-feira, 7 de março de 2012

Por favor, ética na política


SABER FAZER OPOSIÇÃO: HABILIDADE NECESSÁRIA PARA SER POLÍTICO EM UM ESTADO DEMOCRÁTICO

José Aristides da Silva Gamito*

            Mais um ano de eleições municipais está aí e nós nos perguntamos sobre a decência de nossa política. Dentro de poucos meses, nós veremos cenas desanimadoras. Em muitas cidades ainda existem rivalidades entre partidos e pessoas que confundem interesses públicos com interesses pessoais. O mais intrigante nas comunidades onde houve um forte coronelismo é a forma como as pessoas fazem oposição. Oposição chega a ser sinônimo de inimizade.
            A proposta de um estado democrático passa pela presença necessária da pluralidade de grupos e de opiniões. Todos têm direito de defender a sua proposta. O que as pessoas fazem errado quando militam em favor de causa é achar que sua proposta está acima do bem e do mal. Isso acontece com os partidos, com as religiões, com o futebol. Cada grupo se sente detentor da verdade e enxerga tudo que o outro defende como errado e sem sentido.
            O político que não sabe fazer oposição tem tudo para ser um ditador.  A oposição autêntica dentro da democracia é aquela enfrentada com decência. Dois opositores devem se sentar juntos quando o interesse é do povo. O direito da comunidade tem de estar acima das oposições. Há muitos vereadores e prefeitos das nossas cidades que fazem joguinho: Se foi o adversário que fez, mesmo que seja bom, ele vai lá e atrapalha. Este tipo concorrência partidária não é o que entendemos como democracia.
            Uma oposição decente é aquela que senta lado a lado com seu oponente e discute com naturalidade e com respeito as diferenças entre as propostas. Em termos de educação política, o nosso país tem de crescer muito ainda. Muitos passos já foram dados nessa jovem democracia. Mesmo pequenos são importantes diante de uma antiga e corrupta estrutura que sempre dominou a esfera pública. Para as próximas eleições, a Lei da Ficha Limpa é uma dessas vitórias da democracia.
            Portanto, gostaríamos de ver em nossos políticos uma concorrência decente e um serviço que seja verdadeiramente público. Essas mudanças precisam começar já! Porque a classe dos políticos já se tornou motivo de piada, perdeu o respeito diante da opinião pública. E serviço público é coisa séria não pode cair no ridículo como acontece no Brasil!
*Bacharel e licenciado em filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.

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