PARA A NOSSA TRISTEZA OS POLÍTICOS CONTINUAM ROUBANDO
José Aristides da Silva Gamito*
Depois de “Menos a Luíza, que está no Canadá”, “Hoje é dia de rock, bebê”, chegou o meme “Para nossa alegria”. Dentro de poucos dias um vídeo vira febre na internet e atinge milhões de visualizações. Para a nossa tristeza todo mundo vai repetir a frase em todas as redes sociais, na TV e nas conversas do dia-a-dia. Anteriormente, em artigo, eu já havia discutido porque os memes ganham tanto destaque assim. São simples frases que ocupam a vida de milhões de pessoas. Mas grandes frases de efeito moral não ganham tal espaço na vida das pessoas.
Situações como essas nos incitam a reflexão sobre a qualidade de nossa comunicação. A difusão rápida de uma mensagem é um ponto positivo. Não queremos considerar toda a problemática de forma negativa, queremos apenas apontar que ocupamos boa parte de nosso tempo para comunicar o repetitivo, o óbvio e o banal. As redes sociais permitem também a circulação de mensagens críticas e diretas sobre a realidade, porém, com uma intensidade menor. O entretenimento, pelo mero entretenimento, tem ocupado um espaço maior do que o esperado.
Muitos internautas acessam a internet somente para redes sociais e jogos. Mas lá existe uma pluralidade de informações, assuntos como política, economia, saúde, ficam em segundo plano. A inclusão digital tem acontecido de um modo superficial, aprender a usar uma rede social não significa ser incluído. A inclusão significa ter autonomia para participar consumindo e produzindo informações de forma vinculada com a vida e com a necessidade das pessoas.
Os filósofos da Escola de Frankfurt alertavam para essa leitura crítica da mídia. Sem cair na crítica pela crítica, devemos observar a qualidade da nossa comunicação. Há um contraste muito grande com a realidade em alguns aspectos, por exemplo, enquanto alguém está difundindo um meme, os políticos estão roubando, mais um está morrendo na fila do SUS.
O banal toma espaço da comunicação e os fatos relacionados aos princípios básicos da vida ficam esquecidos. Portanto, o uso da internet e de outras mídias precisam ganhar atenção na escola e em outras entidades educadoras para que a inclusão e o seu uso tragam benefícios para a vida das pessoas, para que se tornem instrumentos de transformação das realidades sociais.
*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.
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