quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Reflexão para um Ano Novo Feliz


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UMA CONFISSÃO DE FÉ PROVISÓRIA
PARA UM NOVO TEMPO

José Aristides da Silva Gamito
Introdução
Na obra “Discurso do Método”, o filósofo Descartes chamou de Moral Provisória um conjunto de princípios morais para direção da vida prática que ele considerou prioritário e urgente enquanto examinava cuidadosamente quais seriam os verdadeiros e perenes valores de sua filosofia. Hoje também no mundo de profunda mudança, nós que nos acostumamos com velhos princípios, nem sempre paramos para analisar se nosso decálogo está obsoleto ou não.
Parando para refletir sobre quais os valores principais que persigo em 2016, percebo que são bem diferentes de tudo aquilo que recebi da moral judaico-cristã da minha família e da minha igreja. Se, a exemplo da moral provisória cartesiana, eu fosse também reescrever minha confissão fé “provisória”, talvez eu teria diante de mim alguns valores a serem cultivados no mundo atual.

Prioridade ética

Indico quatro principais valores éticos que considero imprescindíveis para a repaginação moral de qualquer cidadão do século XXI:
1º) Ter consciência de unidade com o Universo: “Tudo que afeta a parte, afeta o todo”. Isso significa que o valor mais sagrado a ser cultivado pelo homem é a consciência de que ele está integrado ao todo, ao conservar ou destruir a parte, assim também o faz ao todo. Ele tem habilidades notáveis entre as espécies, mas isso não faz dele superior à natureza.
2º) Sofrer é a condição de igualdade entre nós e a quase totalidade dos seres vivos. “Do mesmo modo que não queremos a dor para nós mesmos, não a queiramos para os outros”. Isso inclui respeitar todos os seres vivos, superando preconceitos, discriminações, agressões físicas e morte a todos os homens e animais. Sofrer significa muito mais do que machucar, é não incomodar, constranger, atrapalhar o bem-estar do outro.
3º) A condição de fragilidade e de pertença nos obriga à cooperação. O fato de sermos parte de um todo, de sermos sensíveis, dependentes e provisórios nos mergulha na necessidade de compreensão mútua e de cooperação. Sem essa integração não persistirá a vida no planeta. A compaixão salvará o mundo. Ela deveria ser proclamada a mais excelsa das religiões. Sem compreensão não há cooperação. A cooperação extirpará os extremos de nossas diferenças e tornará nossos fardos existenciais e materiais mais leves.
4º) Admitir que o sentido da vida é construído coletivamente. Isso significa que sempre e em todo lugar haverá diferentes visões de mundo. Portanto, “verdades” sempre vão coexistir, cabe a nós aceitá-las. A construção de verdades, de dogmas e de sentidos é permanente. Assim precisamos aprender a conviver com incertezas. Isso nos trará mais tolerância, nos instigará a pesquisar mais,  nos abrigará a aceitar novidades que tornarão nosso mundo melhor.

Considerações sobre esses princípios

Esses quatro princípios nos ajudariam a superar o nosso egoísmo de espécie. Aquela sensação de supremacia que nos autoriza a destruir a natureza e a não entendermos que somos parte dela. Eles revelam a nossa condição de igualdade com todos os animais, as plantas e os ecossistemas. E põem o princípio de não causar dor como imperativo ético de nosso sistema de valores.
Resultam dos dois primeiros princípios o dever de cooperação entre os seres humanos e da conservação de relações sadias e a relativizações das verdades que motivam a guerra, a discriminação e fomentam ódio. Tudo isso nos impede de viver bem em casa, na sociedade, no mundo. E nem sistema deveria ser proibido todo valor que traz a infelicidade e a intolerância, principalmente, aqueles religiosos petrificados que servem para promover o ódio do que a paz. Uma religião que faz isso, é inútil!


FELIZ 2017! QUE SEJAMOS MELHORES!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Prestação de Contas à Comunidade

RELATÓRIO SOBRE A EDUCAÇÃO
 EM CONCEIÇÃO DE IPANEMA –
PERÍODOS 2011 A 2013/2015 A 2016



I - Como anda a educação no município?
01. Segundo o índice FIRJAN de desenvolvimento dos municípios, Conceição de Ipanema tem 8, 279 pontos[1]. Para este sistema de pesquisa municípios que estão acima de 8 pontos são considerados de alto desenvolvimento na educação.
02. Na última edição da Provinha Brasil (2015), nossos alunos avaliados atingiram o nível 5, ou seja, o maior valor esperado. Isso significa que nossos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental tiveram um avanço expressivo na alfabetização.
03. No Sistema Mineiro de Avaliação (SIMAVE), na avaliação do PROEB e do PROALFA mais de 60% se encontram dentro do nível recomendado. E muito mais, temos 15% no avançado.[2]
04. Na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa tivemos 6 alunos classificados. Na Olimpíada Brasileira de Matemática, tivemos 12 alunos, em 2016.

II - O que foi feito pela educação?
01.       Plano de Carreira do Magistério: Pela Lei Municipal 688/2010 foi implantado o Plano de Carreira para valorização dos profissionais da educação e a melhoria dos salários. O salário dos professores no município é o melhor da região e está cumprindo o Piso Nacional.
02.       Plano de Formação Continuada: Oferecemos cursos de formação continuada para os professores desde 2012, inclusive, chegamos a firmar parceria com o Centro Universitário de Caratinga (UNEC) para prestar esses serviços.
03. Programação de Intervenção Pedagógica: De 2013 a 2014, desenvolvemos o PIP com uma equipe de alfabetizadores competentes que auxiliaram aos professores dos anos iniciais na melhoria da alfabetização. Resultado disso, a elevação da nota do ensino fundamental na Provinha Brasil para o nível 5, a maior nota.
04.  Planejamento e Avaliação Semanal do Trabalho do Professor: Com a aprovação da Lei 745/2013, passamos a remunerar as horas que o professor planeja suas atividades de sala de aula, além de estabelecer reuniões semanais para planejar e reavaliar sua prática pedagógica constantemente.
05. Sala de Atendimento Educacional Especializado: Instituímos em 2013 um centro de atendimento para alunos com deficiência e colocamos à disposição um professor treinado para atender nossas crianças especiais. Além de disponibilizar uma van para transportá-los semanalmente. Colocamos à disposição das escolas 01 psicólogo e uma fonoaudióloga para ajudar aos alunos melhorarem sua saúde para ter maior rendimento em sala de aula.
06. Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD): Através da parceria com a Polícia Militar, formamos centenas de crianças e adolescentes para resistirem ao mundo das drogas.
07. Programa “Creche-Colheita”: Criamos o projeto de lei para colocar creche em todos os povoados durante a colheita do café. Não tivemos tempo hábil de implantá-las, porém, ficou aprovada a Lei 796/2016 que possibilitará esse benefício.
08.  Conselhos Escolares: Criamos através do Decreto 2017/2012 os Conselhos Escolares para envolver os pais e os funcionários na discussão sobre os problemas da escola, fomentando uma gestão participativa. Já funcionam em três escolas.
09. Alimentação e Material didático: Colocamos nutricionista para acompanhar a alimentação nas escolas (a merenda é um ponto que ainda tem de melhorar bastante), incentivamos a realização da Semana da Alimentação para educar nossas crianças para uma alimentação saudável. Sempre assistimos os alunos com material didático necessários para seus estudos (cadernos, lápis, borracha, lápis de cor etc).
10. Equipamentos e mobiliários: Compramos mesas e carteiras, quadros escolares, projetores, mesas e armários para os professores, ventiladores, fogões e congeladores.
11. Prédios das escolas: Fizemos reparos necessários nas escolas e uma boa reforma na Escola Municipal Presidente Vargas.

José Aristides da Silva Gamito
Prefeito Willfried Saar




[1] Dentre os 853 municípios mineiros, Conceição de Ipanema ocupa 297º lugar, e dentro ranking nacional o 1469º lugar. Lembrando que existem 5.570 municípios no Brasil. Fonte: http://www.firjan.com.br.
[2] São dados aproximados por causa da complexidade técnica da composição das notas.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Saudade e Música

“A DOR DA SAUDADE QUEM É QUE NÃO TEM”

O olhar do Jeca nos lembra essa tristeza impressa na música caipira.

Comumente se diz que só a língua portuguesa tem uma palavra para nomear o sentimento da saudade. A afirmação é parcialmente verdadeira. Das muitas línguas que conheço todas têm palavras para designar este sentimento, mas o português tem uma relação específica com este sentimento.
Lendo recentemente um artigo no site da BBC intitulado The European country that loves being sad (O país europeu que ama ser triste)[1] fui remetido a essa especificidade do espírito português presente na nossa língua. Eric Weiner, autor do artigo, comenta que enquanto o americano tem uma necessidade de buscar a felicidade ou ser feliz a todo custo, o povo de Portugal já é diferente. Segundo ele, quando se pergunta a uma pessoa portuguesa como ela está, a resposta mais entusiasta que se pode receber é “mais ou menos”.
De acordo com o autor, Portugal tem uma cultura de melancolia difícil de perder. Enquanto em alguns países homenageiam-se com estátuas generais, naquele país fazem-se esculturas para os poetas. Weiner lembra a especificidade da palavra saudade. Uma palavra intraduzível para outras línguas. Ele a define como uma dor por alguém ou por algum lugar que um dia nos deu grande prazer. Difere-se de nostalgia por causa do senso de ausência e de perda.
Isso está fortemente expresso pela música. O fado, principal ritmo português, demonstra essa tristeza. A sua origem está ligada a prostitutas e a mulheres de pescadores que conviviam a possibilidade constante de seus maridos não voltarem do mar. Portanto, surge no meio de pessoas que lidavam com o sofrimento.
Não poderíamos encontrar resquício desse espírito na música brasileira? A música caipira tem um acento forte nas paixões mal sucedidas e no sofrimento da vida no campo. Um clássico como “Saudades de Matão” de Jorge Galati exemplifica isso. Assim seguem as músicas de fossa para afogar as mágoas, exemplo típico dos anos 70 é a cantora Maysa.[2] Nos anos 80, o sertanejo romântico de Zezé di Camargo e Luciano e de Leandro e Leonardo resgata o tema do amor dolorido e atualmente, temos a ‘sofrência’. Tudo inspira tristeza.
A alegria na nossa música parece entrar com a herança africana, principalmente, a partir do samba e do Carnaval. Atualmente, temos uma diversidade de espíritos predominando na nossa música, principalmente, a tendência hedonista do sertanejo universitário, do funk. Neste caso, música não foi feita para cantar tristeza, mas para estimular a festa, ao sexo, a bebedeira. Mas, à moda de Portugal, nossa música nunca deixou de cantar a tristeza, porque, como diz a canção de Amácio Mazzaropi “A dor da saudade quem é que não tem”.



[1] O texto pode ser encontrado em: http://www.bbc.com/travel/story/20161118-the-european-country-that-loves-being-sad
[2] O site da rádio cultura faz uma lista e comentários sobre essas músicas: http://culturabrasil.cmais.com.br/playlists/para-afogar-as-magoas