PER SORA NOSTRA MORTE- A
morte é o nosso maior medo e também a nossa maior certeza. Francisco de Assis
assim a retratou no Cântico das Criaturas: “Louvado sejas, meu Senhor, /Por
nossa irmã a Morte corporal, /Da qual homem algum pode escapar.” Nenhuma outra
experiência se compara a essa! Ter um dia dedicado à memória dos mortos é
fundamental. Isso cobre uma necessidade básica do ser: a vontade de perpetuar.
Já que não podemos permanecer nesta vida para sempre, então, criamos ritos para
valorizar aqueles que partiram. Quando for a nossa vez, outros vão se lembrar
de nós. Deste modo, nossa memória perpetua. Várias culturas antigas se
dedicavam à celebração dos mortos. Apesar de algumas resistências no seio do
cristianismo, o culto da memória dos mortos permaneceu. Muitos cristãos
contribuíram para um apagamento parcial desses costumes porque pensavam que
relembrar os mortos era um rito pagão de evocação dos mortos. Há diferentes
formas de celebrar a vida através da memória dos mortos. A forma propagada pelo
cinema estadunidense em torno do Halloween criou uma estética mórbida das
memórias dos mortos. A estética estereotipada do Halloween nos apresenta a
morte como um terror que pode ser banalizado. O costume, mais fortemente cultivado
pelo catolicismo, procura reverenciar a morte e fazer memória dos que partiram
enfatizando a saudade, as boas lembranças. É uma estética da esperança. É uma representação da morte que pode ser
saudável. E precisamos recuperar a reverência à morte, temos enfraquecidos os
ritos em torno da morte. Por exemplo, o velório tornou-se uma correria, um
empecilho na vida da sociedade capitalista. Evitamos o envelhecimento e
tratamos a morte como estatística. Enfim, dia 02 de novembro é um dia de
reflexão sobre a nossa condição de finitude e como fruto desse exercício, nós
esperamos a humildade como virtude a ser cultivada!
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