José
Aristides da Silva Gamito
Espero que a reflexão
que proponho a seguir seja suficiente para que cristãos católicos e cristãos
evangélicos se convençam de vez sobre a
obrigação moral coletiva de se precaver contra a transmissão da covid-19. Primeiramente,
é preciso ficar claro que nenhum posicionamento partidário pode ser mais
importante do que a preservação da vida. Não importa o modo como você imagina
que devam ser as políticas de enfrentamento à pandemia, ou se é a favor ou
contra, mas, uma posição deve ser consenso de todos os cidadãos: devemos nos
proteger e colaborar para que o ciclo de transmissão do vírus termine. O imperativo
desse dever moral surge do processo natural de contágio de doenças.
Segundo, não se trata
de uma preferência pessoal, é uma obrigação coletiva. Nós vivemos numa
sociedade e nossas ações individuais afetam a vida dos outros, principalmente,
daqueles mais vulneráveis. Portanto, fazer um esforço individual e renunciar
alguns hábitos em favor do coletivo é a forma de patriotismo que mais
precisamos neste momento. Os cuidados de prevenção de qualquer doença exigem
sacrifícios pessoais. Pensar contrário disso é imprudente, é irracional!
Se você professa a fé
cristã não pode estar alheio ao dever moral de cuidar da vida. Jesus disse: “Eu
vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10). Se você
quer razões bíblicas específicas, consulte o código sanitário do Antigo
Testamento. Levítico 13 prescreve o isolamento social para
evitar contágio de lepra por 14 dias (Lev 13, 2-5) e inclui o uso de uma
proteção da parte inferior do rosto (Lev 13, 45). Usar a prudência para evitar
que uma doença se espalhe não é imposição política do século XXI, a humanidade
sempre fez isso. E há fundamentos bíblicos suficientes a favor dos cuidados
para que não reste dúvida a nenhum cristão.
As ações genuinamente
cristãs, independente de hábitos e de preferências partidárias individuais,
devem ser coerentes com a defesa da vida. Isso exige sacrifício individual como
suportar a máscara, repetir hábitos de higiene e abrir mão de grandes reuniões,
de festas e de viagens de férias. Vivemos uma espécie de anestesia diante da
pandemia. Há milhares de católicos e evangélicos que frequentam as igrejas
semanalmente e que não se sentem responsáveis pelo encerramento do ciclo de
contágio do coronavírus. Primeiro, eles não se importam em serem contaminados e
assumem o risco de um agravamento da doença; se testam positivo, andam
criminosamente desprotegidos contaminando novas pessoas. Muitas dessas pessoas
estão voluntariamente se tornando vetores de transmissão do vírus e gerando,
por consequência, mortes de pessoas vulneráveis.
Esses hábitos
contumazes soam muito egoístas. As pessoas não querem abrir mão do conforto e
de parte da liberdade cotidiana por um bem maior. Lembre-se de que isso não é
definitivo e se o fizermos quanto antes, mas cedo voltaremos à normalidade,
inclusive, à recuperação da economia. São restrições transitórias. A sensação
de perda de liberdade não permite a essas pessoas pensarem no bem coletivo. Quando
alguém não está disposto a colaborar e quer transferir a responsabilidade para
os outros, está construído o espaço perfeito para a recepção de qualquer
discurso de negação e de subestimação da ciência, mesmo que aquele cidadão não
tenha conhecimento especializado para entender minuciosamente questões de
infectologia e de ciência em geral.
Em síntese, é um dever
moral inegável de todos os cristãos tomarem seus cuidados de prevenção,
envolvendo a si e aos outros, visto que todos os fundamentos bíblicos do Antigo
e do Novo Testamento são favoráveis à saúde e à vida. E não será por motivos
ideológicos ou partidários, ou por indiferença pessoal, que se tornará uma exceção.
De onde saiu esse cristianismo contra vida? Se a religião não for favorável nem
à manutenção da vida para que outra coisa ela servirá?!
1 comentários:
Infelizmente estamos em uma sociedade onde as questões políticas e o interresse pessoal é maior. Não é uma realidade em massa, mas em sua grande maioria. O que é normal está ganhando proporção, e o que é bíblico está perdendo espaço.
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