O PATRIMÔNIO RELIGIOSO AFRO-BRASILEIRO
1. Introdução
Durante muito tempo considerou-se a África um continente sem história. Principalmente por não haver uma predominância de um sistema de escrita. As tradições africanas são essencialmente orais. É neste continente que surgiram os antepassados do homem moderno. Os aspectos levam em consideração em relação à África são sempre negativos: fome, guerras, doença e tragédias.[1]
Os africanos que vieram para o Brasil, além da escravidão, sofreram várias violências culturais. Eles perderam o direito de conservação sua religião, suas tradições sobreviveram em meio à muita resistência. A dificuldade de reconhecer esses valores é tão grande que África está quase ausente na escola. E as igrejas pentecostais têm “demonizado” muitas entidades do Candomblé.
2. Tradições e valores africanos
Os escravos que vieram para o Brasil a partir de uma terra de fortes tradições. A comunidade possui uma atenção privilegiada nas culturas africanas. O axé é a força vital que coloca em contato com os outros seres humanos.
A religião para os africanos envolve todos os lugares. O ancião é valorizado. Os africanos gostam muito de cumprimentar.
A tradição oral é um conjunto de produções culturais, artístico e religioso de um povo. Na África, os valores são transmitidos através da oralidade. A palavra tem poder de construir e de desconstruir. Por isso, não se usa a palavra de qualquer.[2]
A tradição oral é transmitida por meio do mito, do rito e da dança. As religiões africanas são marcadas pela dança; ao norte da África, havia tradição escrita. A família e o ancião são os grandes responsáveis pela transmissão das tradições. E família é entendida em sentido amplo, pais, filhos, tios, sobrinhos.
3. Religiões Africanas
As religiões africanas se dividiram no Brasil em várias ramificações. Os negros ficaram isolados e cada região houve a inculturação de uma forma diferente. A Umbanda e o Candomblé são as que mais se destacam. Na verdade, muitos nomes representam variações do Candomblé. A origem também determina bastante a diferença na religião. Basicamente vieram para o Brasil, sudaneses, bantos, iorubás, mina e fon.[3]
O Candomblé representa a síntese de muitas dessas tradições com influência católica. A Umbanda, por sua vez, representa a síntese de espiritismo e catolicismo popular. A diferença fundamental entre as duas é que a Umbanda pratica a possessão de espíritos. No Candomblé os espíritos que se manifestam são forças da natureza divinizadas.
4. Candomblé
O deus supremo é Olorum. A comunidade-terreiro é o centro da vida religiosa. A iniciação religiosa acontece nesse espaço. Essa iniciação exige o recolhimento de sete dias e observância de rituais e preceitos. Os orixás são os deuses, mas não existe a distinção entre bem e mal. No culto, eles incorporam para fortalecer o axé dos membros da comunidade. O cânticos são feitos em língua africana. O axé é a força vital e se encontra no sangue. E a noção de sangue é ampla, envolve todos os líquidos naturais. Existe o mundo visível (Àiyé) e o mundo invisível (Òrun).[4]
5. Umbanda
Os deuses são agrupados de forma hierárquica, existem espíritos inferiores e espíritos evoluídos. O culto se faz por meio da incorporação dos espíritos. Há iniciação através de batismo. Os cânticos são realizados em português.
6. Considerações sobre a relação entre cristãos e afro-brasileiros
As igrejas cristãs confundiram muitos elementos das religiões afro-brasileiras. É necessário conhecer a teologia dessas religiões para se libertar dos preconceitos. Primeiramente, as categorias cristãs foram atribuídas ao pensamento negro. O Exu é confundido com o demônio. E imagina-se que as oferendas são malefícios. A ideia de feitiçaria era forte no colonizar e houve essas misturas.
As igrejas pentecostais demonizam os orixás, considerando-os manifestação do mal. A Igreja Universal até apropriou indevidamente de algumas entidades: o famoso “encosto”. Os despachos não são feitiços, são apenas oferendas. As religiões não cultuam o demônio e nem fazem malefícios. Tudo é fruto de uma incompreensão.
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