segunda-feira, 23 de maio de 2011

Filosofia III


O PROBLEMA DA VERDADE

José Aristides da Silva Gamito*

Será que existe verdade? Por que existem tantas verdades divergentes?

Será que existe verdade? Se existir, como saber, dentre tantas explicações para um mesmo assunto, qual é a verdade? Você já observou que as pessoas têm as mais variadas opiniões sobre um mesmo assunto? E que toda religião tem crenças diferentes e todas dizem ser verdadeiras? Este é o nosso desafio de hoje.
A filosofia possui 25 séculos de história. Desde o início a preocupação dos filósofos era a busca pela verdade. Mas é preciso diferenciar verdade de opinião. Cada tem uma opinião a respeito de um assunto. A verdade seria aquela explicação que tem o sentido ou comprovação completa de uma questão. O problema da verdade é bastante abrangente. Existem vários times: Os céticos não acreditam que o homem possa atingir a verdade. O filósofo Nietzsche chegou a dizer: “A “única verdade que existe é a de que não existe verdade”. Os dogmatistas têm certeza da existência da verdade. Os empiristas são como a figura típica de “Tomé”, eles precisam experimentar para ver a verdade. Os relativistas defendem que cada um tem sua verdade, e depende da situação. Com qual grupo você se identifica? Ou você é um fideísta que acredita em tudo que ouve sem questionar, sem um critério de verdade.
A filosofia nos leva à posição do crítico, aquele que analisa primeiro o sentido daquilo que lhe falam ou que le. É preciso verificar se uma afirmação tem sentido. Para dar um exemplo simples, a fofoca é uma demonstração da armadilha da verdade. A fofoca passa de boca em boca, vai aumentando, e quem recebe a mensagem confia tanto nela que a repassa do seu jeito. O resultado é um conflito ou uma injustiça com alguém. Nem tudo que alguém nos fala, aconteceu. Sem critérios, escolhemos as informações erradas, baseadas em mal entendidos, ou em interesses escusos.
Os filósofos antigos tendiam mais em acreditar na existência da verdade. Com exceção, dos céticos. Os pensadores do nosso tempo não falam em verdade, mas em discurso com sentido. A verdade absoluta para eles não existe porque nossa inteligência e nossa linguagem é limitada. Um exemplo de relatividade, é a imagem que as religiões tem de Deus. Os cristãos acreditam em um Deus em três pessoas. Os judeus em um Deus único e indivisível. Os hindus acreditam em milhares de deuses. Os budistas não pregam a existência de Deus. Quem está com a verdade?Para cada um a verdadeira é a sua religião.
Mas para a ciência existem verdades. Ninguém duvida que o Sol exista, que existam células. São afirmações que a olho nu ou através de aparelho podem ser comprovadas. A filosofia não duvida de tais afirmações quando se trata de questões físicas. Mas quando se trata de afirmações abstratas, que não podem ser vistas, é preciso critério. Mesmo uma verdade científica não é absoluta. Afirmava-se que a Terra era o centro do sistema solar, depois chegou-se a conclusão de que é o Sol.
Portanto, nenhuma pessoa sensata pode afirmar uma verdade, sem conhecimento de causa, sem questionar, sem verificar. Não existe verdade absoluta, existe um discurso com sentido. Na história, já houve guerras disputando verdades que nunca serão comprovadas. A lição desta edição é que na vida nunca embarquemos na pretensão da verdade absoluta. Isso nos fecha às novidades, à relação respeitosa com o outro. O homem está em construção, a história em construção. Nada está acabado, pronto. Todos temos valores, não é sensato deixar essas diferenças prejudicarem nossas amizades. A humildade é fundamental! Encerro este texto com as palavras de Umberto Eco: “A única verdade é aprendermos a nos libertar da paixão insana pela verdade!”

*Bacharel em Filosofia e pós-graduado em Docência do Ensino Básico e Superior

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