sexta-feira, 20 de maio de 2011

Gênero humano:


A AMBIGUIDADE DA CONDIÇÃO HUMANA:
UMA POSIÇÃO ENTRE O FINITO E O INFINITO

José Aristides da Silva Gamito*

“O homem não passa de um junco, o mais fraco da natureza, mas é um junco pensante. Não é preciso que o universo inteiro se arme para esmagá-lo. Um vapor, uma gota de água, é o bastante para matá-lo. Mas, conquanto o universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata, porque sabe que morre; e a vantagem que o universo tem sobre ele, o universo a ignora. Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento” (Blaise Pascal).

Você já se perguntou a respeito da identidade do homem? Quem somos nós, afinal? Nós fomos educados ouvindo duas definições: O homem é um animal racional e o homem é uma criatura de Deus. O problema a ser abordado hoje faz parte desta definição religiosa. A sociedade ocidental levou essa frase muito ao pé da letra e o homem tomou para si um orgulho de ser a criatura preferida de Deus. Mas seria verdade que esta superioridade do homem em relação às demais espécies é real?
A tradição judaico-cristã ao definir o homem como um ser criado diretamente por Deus e sendo modelado à sua imagem e semelhança deu uma autoridade extrema às pessoas. O progresso científico e a exploração indiscriminada da natureza são exemplos dessa ideia fixa de superioridade. A vida das outras espécies não importa. Isso demonstra o poder que tem uma ideia! Mas com o desenvolvimento das ciências o orgulho humano foi sendo ferido. Quando Charles Darwin publicou sua pesquisa sobre a evolução das espécies uma nova identidade foi conferida ao homem. Ele é apenas mais uma espécie, a diferença está na evolução de seu cérebro. E cada vez mais, o caráter especial do homem foi sendo diminuído. Hoje, pesquisas com chimpanzés e outros primatas demonstram que eles têm inteligência, criam ferramentas, têm organização social e até sentimentos. É! Muita gente terá de descer do pedestal!
Outro cientista revolucionário foi Sigmund Freud. Este demonstrou que a maior parte de nossas ações acontece de modo inconsciente. O homem não tem todo este domínio sobre si. Temos uma boa porção animal! É a educação que nos faz comportar diferente. Outro baque para o orgulho humano foi o surgimento da parapsicologia. Esta ciência demonstrou que toda a relação do homem com realidades sobrenaturais vem de sua mente. Ele não tem o privilégio de se comunicar com seres sobrenaturais. Esses avanços da ciência demonstraram que o homem é um animal comum. Ele se adaptou melhor à natureza.
Por outro lado, o homem também não pode ser definido simplesmente como racional. Os sentimentos, os instintos também falam alto no comportamento humano. Razão e sentimentos andam juntos. Portanto, voltamos à pergunta: O que é o homem? Um animal simples por natureza, mas complexo no seu processo de adaptação. Ele é natural, racional, sentimental. Um pouco de tudo que há na natureza. Às vezes é tão inteligente, meigo, outras vezes, tão rude e cruel. Somente a educação ética é que nos melhora. Nós, os verdadeiros protagonistas cuidadores da natureza. Não é privilégio, é responsabilidade diante das outras espécies!

*Bacharel em Filosofia e pós-graduado em Docência do Ensino Básico e Superior.

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