UMA ABORDAGEM EXISTENCIALISTA DA TRANSIÇÃO ENTRE QUARESMA E PÁSCOA
*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.
Publicado em: www.portalecclesia.com
José Aristides da Silva Gamito*
A ritualidade do tempo da Quaresma assim como da Páscoa pode soar estranho para a sociedade contemporânea. Vivemos em um tempo marcado pela busca do prazer intenso e pela felicidade instantânea. Não suportamos esperar dez minutos em uma fila de banco. No trânsito, a impaciência é total. Fugimos constantemente do sofrimento e camuflamos a morte.
O espírito do cristianismo produz justamente dois antídotos para os males da contemporaneidade: A penitência e a renovação. A vida é um processo fugaz. Tudo se transforma rápido e muitas vezes acumulamos manias e defeitos sem tempo para realizar uma catarse. Há necessidade da disciplina, da auto-avaliação, da proposta de mudança. Essas propostas estão presentes na ritualidade da Quaresma e se completam com o evento da Páscoa. As pessoas vivem um processo de ressignificação de suas ações.
Nem sempre conseguimos realizar esses processos sozinhos. É preciso que alguém proponha, vê-se neste ponto a necessidade de uma comunidade que compartilha da mesma proposta. No caso da Páscoa, o cristianismo perdeu muito com a comercialização da data pela mídia. Mas o evento em si é uma proposta de renascimento expressa através de uma densa simbologia: A ressurreição.
Portanto, a mensagem destes dois tempos é contraditória para a modernidade; por isso, serve de antídoto. É um convite à desaceleração, à ascese, à auto-restauração. Todo mundo precisa deste tempo de auto-avaliação e recomeço. Sem isso nós nos perdemos na rotina e nos distanciamos daquilo que queremos ser: Pessoas melhores.
Não tem como fugir da disciplina se quisermos nos aperfeiçoar como pessoas humanas temos de ter a humildade e admitir nossos erros. E corrigi-los é uma tarefa árdua. Só assim daremos passos significativos rumo a uma vida melhor.
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