José Aristides da Silva Gamito
Sempre é tempo de
reflexão. Esses dias circulam na internet reações à atitude de um grupo de 13
estudantes evangélicos de uma escola estadual que negou a fazer um trabalho
sobre cultura afro-brasileira. A notícia gerou muita polêmica. A rejeição da
cultura e das religiões afro-brasileiras é comum no meio cristão. O
desconhecimento gera o preconceito, o preconceito gera a intolerância, a
intolerância gera a violência. E muitas vezes esta violência veio em forma de
guerra! Veja a expressão “guerra religiosa”, “guerra santa”. São expressões sem
sentido! Mas já fizeram e fazem guerras por motivos religiosos.
Onde tudo começa? Sempre
pelo preconceito. Antes de convivermos
com uma nova realidade temos pré-conceitos e generalizações. Este é
conhecimento de primeira impressão: “Acho que é assim”. Isso é um mecanismo de contato, mas só faz
parte de um processo inicial. Já o preconceito como forma de conhecimento e de
identificação permanente de alguém ou de grupos com os quais temos de conviver
é pura ignorância e estagnação intelectual.
O preconceito religioso advém da identificação das religiões
por premissas erradas e absolutizadas, tais como "todos os macumbeiros
adoram o diabo", "todos os católicos adoram imagens", "todo
pastor é ladrão", "todo muçulmano é terrorista". Quando você só tem
uma frase para identificar a complexidade de uma classe, você se fecha ao
verdadeiro conhecimento e sai discriminando.
No caso das religiões afro-brasileiras a origem do
preconceito está na satanização dessas religiões. Muitos cristãos creem e
difundem que os adeptos dessas religiões adoram o diabo. O próprio vocabulário
difundido sobre essas religiões já demonstra o desconhecimento que as pessoas
têm. Elas confundem Exu com Diabo, despacho com feitiço, macumba com as
diversas religiões de origem africana. É um reducionismo da diversidade
religiosa africana.
Esses cristãos tentam pensar essas religiões a partir de
categorias cristãs. É claro, são as lentes que possuem! Mas sempre vale a pena
a dar um passo a mais. Quem estuda com abertura de mentalidade terá menos
preconceito e respeitará mais o próximo.
Amar e respeitar o próximo depende de empatia. Empatia que
dizer colocar-se no lugar do outro. Isso quer dizer que a discriminação dói e
desumaniza. A discriminação religiosa é a mais contraditória de todas! Lembre-se
da velha máxima “Não façais aos outros aquilo que vós não quereis que vos façam”.
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