Ao longo da história, identificamos um
cristianismo muito legalista e carrancudo, justamente tudo ao contrário do que
percebemos no Jesus dos Evangelhos. Muitas igrejas continuaram o Deus do Antigo
Testamento. Creio que elas pensam que ele é mais prático, soluciona mais os
problemas advindos da vaidade humana. Mas, vamos ser francos. O deus do Antigo
Testamento é um deus tribal, troglodita, rude e vingativo. Jesus revela o rosto
de um deus mais ameno, paciente e compassivo. Porém, pelo que a gente percebe muita
gente não gosta disso. Há gente que prefere um deus arma, pronto para disparar
contra os inimigos. É um deus à imagem e semelhança do homem.
Nos Evangelhos, percebemos dois
aspectos essenciais da mensagem de Jesus: Terra e Compaixão. Primeiro, se
encararmos o famoso Sermão da Montanha (Mt 5), perceberemos o foco de Jesus em
torno de problemas humanos e da justiça sociais. Percebemos ali quem herdará a
terra e que são justificados aqueles que têm sede e fome de justiça e aqueles
que promovem a paz. A partir do versículo 38, Jesus fala sobre um amor
incondicional, sobre uma relação desinteressada e chega a afirmar a necessidade
de ‘amar os inimigos’.
A compaixão predomina no discurso de
Jesus em seus diversos encontros com pessoas excluídas pela sociedade da época:
Os leprosos, a mulher adúltera, a samaritana. O ápice é o perdão que ele
concede aos seus malfeitores. Portanto, ser compassivo é constitutivo da personalidade
e da mensagem de Jesus.
Em Mateus 25, 31-46, existe uma
narrativa que parece a conclusão da pregação de Jesus. Em seu juízo final, as
pessoas condenadas são aquelas que negaram direitos fundamentais do ser humano
como o direito a comer e a beber, à hospedagem, à liberdade. Portanto, o
Evangelho se refere a uma boa notícia para a Terra e para que nela aconteçam os
direitos das pessoas e elas se amem mutuamente. Portanto, toda Igreja que se
prenda a focos particulares, elitistas, egoístas e mesquinhos não representam o
Jesus dos Evangelhos.