sábado, 25 de abril de 2009

A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER



José Aristides da Silva Gamito

Toda ação do homem deve torná-lo mais aquilo que ele é: humano. Ler é uma dessas.


1.      O que é ler?

O sentido original do verbo ler é “ajuntar, reunir, colher, recolher, apanhar”. Os antigos romanos usavam o verbo neste sentido (lat. lego). Ler continha em si sete significados: 1) colher; 2) percorrer; 3) navegar; 4) tomar; 5) surpreender; 6) escolher; 7) ler. Portanto, a leitura é uma colheita que se faz através da visão da história de uma pessoa. Sabemos o que ela pensou, sentiu, onde vivia e quando vivia. Seja no passado (Era uma vez...), presente (Marcos é motorista) ou no futuro (A feira cultural será no dia...). Através da leitura viajamos, adquirimos idéias novas, nos surpreendemos, escolhemos novos caminhos. Enfim, o verbo contém todas aquelas acepções usadas em latim.

A leitura é a arte da tecelagem. Ler é desfiar tecidos, uma aventura que nos leva a desvendar como eram ou são compostos tantos mundos de homens. O resultado é sempre a aprendizagem de como se constrói o homem.

A leitura é sem dúvida um trabalho de coleta de experiências. O texto (do lat. textum) é um tecido de experiências que alguém faz do mundo. Texto é um tecido de: pensamentos, sensações vividas por alguém num espaço e num tempo. As etimologias de légere e de textum sustentam uma idéia profunda do que são leitura e texto.

 

2.      Fontes de leitura

São fontes de leitura: livros, revistas, jornais, panfletos, músicas e filmes. Todos estes meios de comunicação contêm textos: símbolos, sinais, imagens, sons, emoções e movimentos gravados. A pós-modernidade ampliou muito as noções de leitura e texto. Ler não é só decifrar e entender a escrita. Ler é interpretar toda forma organizada e sistematizada de comunicação. O processo educativo convencional ainda não se despertou completamente para a leitura dos textos audiovisuais que povoam o nosso cotidiano. O texto multimediático é, na verdade, uma reunião do pré-hisórico e do pós-moderno: as pinturas das cavernas (o embrião da escrita) retornam de forma sofisticada para dar leveza ao texto alfabético. A educação para a leitura inclui uma habilitação para interpretar esses meios.

3.      Educar-se para a leitura

Para muitos ler é ato doloroso. Não podemos nos esquecer que a leitura é uma questão de hábito. É preciso educar-se para esta prática para que se torne prazerosa. Uma educação lenta que deve começar desde cedo para se tornar agradável e útil. O importante é ler tudo, desde o útil ao agradável. O estudante que ainda está em fase de alfabetização não pode deixar de escapar placas, propagandas, bulas de medicamentos, manuais de aparelhos, rótulos de produtos. Ler sacia a nossa imaginação, nossa sede de contato com o diferente e amplia nossa noção de mundo pondo-nos em contato com as aquisições passadas e presentes da sociedade.

Na pós-modernidade, a leitura é mais suave por causa dos textos multimediáticos. Há uma ampla utilização deles na educação atual. Duas questões têm de ser integradas: educar-se para a multimédia sem se esquecer do livro em seu modelo clássico.

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