MENOS O DA “LUIZA, QUE ESTÁ NO CANADÁ”
José Aristides da Silva Gamito
A difusão rápida e pegajosa do meme “Menos a Luiza, que está no Canadá” gera uma interessante discussão sobre a qualidade da nossa comunicação virtual. Nesta semana de 15 a 21 de janeiro, não se falou outro assunto na internet a não ser Luiza que estava no Canadá e o suposto estupro no Big Brother Brasil 12. Para quem ainda não está familiarizado com o termo “meme”, este designa uma unidade de informação que vai se multiplicando. A palavra foi cunhada por Richard Dawkins, em 1976. A internet que é um ótimo instrumento de comunicação, de integração de pessoas em torno de um bem comum tem sido usada meramente para um entretenimento banal.
As redes sociais se tornaram meios de repetição de frases prontas, quando alguém compartilha algo, ele já encontrou pronto. De modo geral, os assuntos são bem preconceituosos, muitos deles fazem piadas com situações sérias da vida. Dentre os sites mais visitados está o facebook com 570 milhões de visitas. No fundo, a internet está servindo somente para diversão e relacionamentos sociais com pouca qualidade. Ainda nos consola o fato de um site como a Wikipédia ser muito acessado.
Apesar de uma origem para fins militares, o primeiro uso social da internet foi feito pelas universidades. O objetivo era compartilhar conhecimento, o grande sonho dos iluministas do século XVIII. Hoje, isso tudo é possível e valorizamos pouquíssimo esta mídia para a difusão dos memes do bem. Eles parecem ser mais lentos. Uma brincadeira como o meme da “Luiza” prolifera tão rápido e antigas e necessárias frases para um mundo melhor como “ama teu próximo como a ti mesmo” ou “não faças aos outros o que não desejas que façam a ti” não se consolidam como deveriam.
É claro que o entretenimento tem seu espaço na vida das pessoas, na mídia, principalmente, mas o que ressaltamos aqui é que estamos gastando tempo demais com certas brincadeiras que acabam ocupando o espaço de difusão de grandes ideias que podem garantir até mesmo o destino da humanidade como a solidariedade, a ética ambiental. Estamos globalizando piadas no lugar de globalizarmos princípios que salvarão a nossa espécie.
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