sábado, 2 de junho de 2012

Poesia VI:


 
INDIGNA-ME SER MORTAL

José Aristides da Silva Gamito

Indigna-me suportar a mortalidade,
Aceitar que não sou eterno,
Que todos os lindos dias esvanecerão.
Essa condição me condena a construir sempre,
Quando se realizará a profecia, a utopia?

Sempre existe um caminho novo,
Uns iniciam e outros terminam,
Sem continuidade, sempre há interrupções!
Para onde caminharemos cegamente assim?

Queria ter prazo para o meu epitáfio,
Queria ver reconhecida a minha poesia;
Decididamente não quero morrer nesta estação.
Quero tempo para ver em volta o que estou deixando!

E quando protesto, onde está a fé?
Se o amor se foi e o bebê africano morreu de fome;
Se a solidariedade desapareceu e não há mais irmãos;
E a razão? Não é mais ouvida por ninguém.

Enquanto isso, luto contra o tempo
 para deixar um bem, tomara que eu o faça!
Tomara que eu o faça!
E, enfim, morra justiçado!

Conceição de Ipanema, 02/06/2012

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