segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Opinião II:

AS ELEIÇÕES 2010 MOSTRAM OS NOVOS POLÍTICOS E OS NOVOS ELEITORES


José Aristides da Silva Gamito

            Quase na reta final para a realização do segundo turno, e Dilma Roussef (PT) e José Serra (PSDB) não baixam o tom. A disputa prossegue descortês e agressiva. Os assuntos como aborto e afirmações contraditórias continuaram a fazer da campanha eleitoral. Os programas veiculados no rádio foram mais diretos ainda que os da TV. Apareceu até a velha dicotomia de definir quem é “do bem” e quem é “do mal”. Em passeata, candidato chegou a chamar militantes do partido adversário de “fascistas”.
            Talvez as eleições deste ano nos tenham mostrado o perfil dos novos políticos e dos novos eleitores. Em se tratando de segurança do sigilo do voto, rigor da legislação eleitoral, o país deu um grande passo. Mas parece que a mentalidade dos políticos não evoluiu na mesma proporção. Uma tendência desta vez foi propor motivações religiosas e éticas para a escolha dos candidatos à presidência. Atualmente, no Brasil, tem crescido, por parte de alguns grupos religiosos, um desejo de construção de uma teocracia. Muitos ministros religiosos se candidatam para defender as ideias de suas Igrejas. Em troca, os membros/eleitores apoiam e fazem correntes em favor deles. O pior é que os adversários são tidos como inimigos de Deus. Um candidato a deputado federal, bispo evangélico, chegou a aconselhar para não votar nos adversários porque faziam parte de uma conspiração do mal para atacar “a Igreja de Jesus Cristo”.
            Outro aspecto importante é o aparecimento de candidatos que são celebridades do mundo artístico ou desportivo. São humoristas, atletas, ex-BBBs. Entre eles, apareceram o Tiririca, o Romário, o Bebeto, assim como antes Frank Aguiar e Clodovil vieram para o meio político. Para o eleitor, seria uma boa alternativa ou seria sinal de que a política está caminhando para a pior? Essas pessoas com novas experiências podem mudar a política, mas podem entrar simplesmente porque é mais uma profissão de destaque. E se todo mundo entra, eu também posso, porque “pior que tá num fica”, podem pensar alguns. Os novos eleitores, decepcionados com a política brasileira, preferiram dar um voto de protesto. Mas parece que outros caíram naquele comodismo de votar em fichas-sujas porque “isso não muda mesmo”.
            É importante deixar aqui bem claro que não é uma discriminação de classes, democraticamente, todo cidadão pode se candidatar. O que se pergunta são as motivações que levam a essa procura da vida política num país de corrupção e impunidade. Dentre esses aspectos analisados das Eleições 2010, nem é necessário comentar a lista dos fichas-sujas que foram eleitos.

*Bacharel em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.
Cf. Jornal Diário de Manhuaçu, 23 de outubro de 2010.

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