A DISTINÇÃO ENTRE PRÍNCIPE E PLEBEU
Miséria. Fonte: luzparaviver.blogspot.com |
José Aristides da Silva Gamito*
A filosofia é definida como um olhar para além do óbvio, do banal, do imediatamente dado. Esta semana enquanto o mundo todo se emociona com o casamento do príncipe William com a plebeia Kate, nós vamos lançar um olhar mais profundo sobre a questão: De onde vem a distinção entre príncipe e plebeu? Esta é a tarefa da filosofia. O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1717-1778) escreveu uma obra bastante sugestiva para esta nossa conversa o “Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade entre Homens”.
Segundo o filósofo o homem em seu estado de natureza deseja somente o necessário e não tem pretensões sociais. Somente a razão lhe deu a dimensão do social, dos costumes, das riquezas e da cultura. Isso significa que a diferença entre ricos e pobres se deu justamente quando o homem começa a acumular riquezas, procura os bens além de sua necessidade cotidiana e natural.
Rousseau admite uma desigualdade natural entre as pessoas como idade, sexo, constituição física. Ela é normal e até inevitável! O que incomoda é a desigualdade que surge das relações sociais e políticas. Com o alcance da razão o homem gerou uma complexidade para a sua vida, uma organização extrema. Assim surge a divisão do trabalho, a competição, a desigualdade.
O surgimento da propriedade privada gera a divisão entre ricos e pobres, o surgimento do governo separa as pessoas entre governantes e governados e o surgimento de estados despóticos trouxe a divisão entre senhores e escravos. Em síntese, quando o homem cria ambições de poder, de domínio, de reter bens e benefícios além de suas necessidades naturais dá-se a desigualdade.
As sociedades se tornaram tão complexas que a igualdade social veio a ser uma utopia. Discursamos, sonhamos, mas a superação do egoísmo coletivo está distante da realidade. Se formos falar francamente diremos que os discursos religiosos e políticos sobre a igualdade são hipócritas! Eles nos enchem de esperança, mas ao mesmo tempo nos decepcionam porque uma grande maioria beneficiada vive como se não existissem pobres e excluídos.
A história da administração e da divisão do trabalho entre os povos nos mostra muitos motivos para a extraordinária distinção entre príncipes e plebeus. Será a desigualdade reversível? Esta talvez seja a reflexão que devemos fazer a cada 1º de maio. Uma reflexão que nos leve a ações que superem, em parte, a desigualdade entre nós.
*Bacharel em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e Superior.
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