quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Reflexão para um Ano Novo Feliz


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UMA CONFISSÃO DE FÉ PROVISÓRIA
PARA UM NOVO TEMPO

José Aristides da Silva Gamito
Introdução
Na obra “Discurso do Método”, o filósofo Descartes chamou de Moral Provisória um conjunto de princípios morais para direção da vida prática que ele considerou prioritário e urgente enquanto examinava cuidadosamente quais seriam os verdadeiros e perenes valores de sua filosofia. Hoje também no mundo de profunda mudança, nós que nos acostumamos com velhos princípios, nem sempre paramos para analisar se nosso decálogo está obsoleto ou não.
Parando para refletir sobre quais os valores principais que persigo em 2016, percebo que são bem diferentes de tudo aquilo que recebi da moral judaico-cristã da minha família e da minha igreja. Se, a exemplo da moral provisória cartesiana, eu fosse também reescrever minha confissão fé “provisória”, talvez eu teria diante de mim alguns valores a serem cultivados no mundo atual.

Prioridade ética

Indico quatro principais valores éticos que considero imprescindíveis para a repaginação moral de qualquer cidadão do século XXI:
1º) Ter consciência de unidade com o Universo: “Tudo que afeta a parte, afeta o todo”. Isso significa que o valor mais sagrado a ser cultivado pelo homem é a consciência de que ele está integrado ao todo, ao conservar ou destruir a parte, assim também o faz ao todo. Ele tem habilidades notáveis entre as espécies, mas isso não faz dele superior à natureza.
2º) Sofrer é a condição de igualdade entre nós e a quase totalidade dos seres vivos. “Do mesmo modo que não queremos a dor para nós mesmos, não a queiramos para os outros”. Isso inclui respeitar todos os seres vivos, superando preconceitos, discriminações, agressões físicas e morte a todos os homens e animais. Sofrer significa muito mais do que machucar, é não incomodar, constranger, atrapalhar o bem-estar do outro.
3º) A condição de fragilidade e de pertença nos obriga à cooperação. O fato de sermos parte de um todo, de sermos sensíveis, dependentes e provisórios nos mergulha na necessidade de compreensão mútua e de cooperação. Sem essa integração não persistirá a vida no planeta. A compaixão salvará o mundo. Ela deveria ser proclamada a mais excelsa das religiões. Sem compreensão não há cooperação. A cooperação extirpará os extremos de nossas diferenças e tornará nossos fardos existenciais e materiais mais leves.
4º) Admitir que o sentido da vida é construído coletivamente. Isso significa que sempre e em todo lugar haverá diferentes visões de mundo. Portanto, “verdades” sempre vão coexistir, cabe a nós aceitá-las. A construção de verdades, de dogmas e de sentidos é permanente. Assim precisamos aprender a conviver com incertezas. Isso nos trará mais tolerância, nos instigará a pesquisar mais,  nos abrigará a aceitar novidades que tornarão nosso mundo melhor.

Considerações sobre esses princípios

Esses quatro princípios nos ajudariam a superar o nosso egoísmo de espécie. Aquela sensação de supremacia que nos autoriza a destruir a natureza e a não entendermos que somos parte dela. Eles revelam a nossa condição de igualdade com todos os animais, as plantas e os ecossistemas. E põem o princípio de não causar dor como imperativo ético de nosso sistema de valores.
Resultam dos dois primeiros princípios o dever de cooperação entre os seres humanos e da conservação de relações sadias e a relativizações das verdades que motivam a guerra, a discriminação e fomentam ódio. Tudo isso nos impede de viver bem em casa, na sociedade, no mundo. E nem sistema deveria ser proibido todo valor que traz a infelicidade e a intolerância, principalmente, aqueles religiosos petrificados que servem para promover o ódio do que a paz. Uma religião que faz isso, é inútil!


FELIZ 2017! QUE SEJAMOS MELHORES!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Prestação de Contas à Comunidade

RELATÓRIO SOBRE A EDUCAÇÃO
 EM CONCEIÇÃO DE IPANEMA –
PERÍODOS 2011 A 2013/2015 A 2016



I - Como anda a educação no município?
01. Segundo o índice FIRJAN de desenvolvimento dos municípios, Conceição de Ipanema tem 8, 279 pontos[1]. Para este sistema de pesquisa municípios que estão acima de 8 pontos são considerados de alto desenvolvimento na educação.
02. Na última edição da Provinha Brasil (2015), nossos alunos avaliados atingiram o nível 5, ou seja, o maior valor esperado. Isso significa que nossos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental tiveram um avanço expressivo na alfabetização.
03. No Sistema Mineiro de Avaliação (SIMAVE), na avaliação do PROEB e do PROALFA mais de 60% se encontram dentro do nível recomendado. E muito mais, temos 15% no avançado.[2]
04. Na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa tivemos 6 alunos classificados. Na Olimpíada Brasileira de Matemática, tivemos 12 alunos, em 2016.

II - O que foi feito pela educação?
01.       Plano de Carreira do Magistério: Pela Lei Municipal 688/2010 foi implantado o Plano de Carreira para valorização dos profissionais da educação e a melhoria dos salários. O salário dos professores no município é o melhor da região e está cumprindo o Piso Nacional.
02.       Plano de Formação Continuada: Oferecemos cursos de formação continuada para os professores desde 2012, inclusive, chegamos a firmar parceria com o Centro Universitário de Caratinga (UNEC) para prestar esses serviços.
03. Programação de Intervenção Pedagógica: De 2013 a 2014, desenvolvemos o PIP com uma equipe de alfabetizadores competentes que auxiliaram aos professores dos anos iniciais na melhoria da alfabetização. Resultado disso, a elevação da nota do ensino fundamental na Provinha Brasil para o nível 5, a maior nota.
04.  Planejamento e Avaliação Semanal do Trabalho do Professor: Com a aprovação da Lei 745/2013, passamos a remunerar as horas que o professor planeja suas atividades de sala de aula, além de estabelecer reuniões semanais para planejar e reavaliar sua prática pedagógica constantemente.
05. Sala de Atendimento Educacional Especializado: Instituímos em 2013 um centro de atendimento para alunos com deficiência e colocamos à disposição um professor treinado para atender nossas crianças especiais. Além de disponibilizar uma van para transportá-los semanalmente. Colocamos à disposição das escolas 01 psicólogo e uma fonoaudióloga para ajudar aos alunos melhorarem sua saúde para ter maior rendimento em sala de aula.
06. Programa Educacional de Resistência às Drogas (PROERD): Através da parceria com a Polícia Militar, formamos centenas de crianças e adolescentes para resistirem ao mundo das drogas.
07. Programa “Creche-Colheita”: Criamos o projeto de lei para colocar creche em todos os povoados durante a colheita do café. Não tivemos tempo hábil de implantá-las, porém, ficou aprovada a Lei 796/2016 que possibilitará esse benefício.
08.  Conselhos Escolares: Criamos através do Decreto 2017/2012 os Conselhos Escolares para envolver os pais e os funcionários na discussão sobre os problemas da escola, fomentando uma gestão participativa. Já funcionam em três escolas.
09. Alimentação e Material didático: Colocamos nutricionista para acompanhar a alimentação nas escolas (a merenda é um ponto que ainda tem de melhorar bastante), incentivamos a realização da Semana da Alimentação para educar nossas crianças para uma alimentação saudável. Sempre assistimos os alunos com material didático necessários para seus estudos (cadernos, lápis, borracha, lápis de cor etc).
10. Equipamentos e mobiliários: Compramos mesas e carteiras, quadros escolares, projetores, mesas e armários para os professores, ventiladores, fogões e congeladores.
11. Prédios das escolas: Fizemos reparos necessários nas escolas e uma boa reforma na Escola Municipal Presidente Vargas.

José Aristides da Silva Gamito
Prefeito Willfried Saar




[1] Dentre os 853 municípios mineiros, Conceição de Ipanema ocupa 297º lugar, e dentro ranking nacional o 1469º lugar. Lembrando que existem 5.570 municípios no Brasil. Fonte: http://www.firjan.com.br.
[2] São dados aproximados por causa da complexidade técnica da composição das notas.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Saudade e Música

“A DOR DA SAUDADE QUEM É QUE NÃO TEM”

O olhar do Jeca nos lembra essa tristeza impressa na música caipira.

Comumente se diz que só a língua portuguesa tem uma palavra para nomear o sentimento da saudade. A afirmação é parcialmente verdadeira. Das muitas línguas que conheço todas têm palavras para designar este sentimento, mas o português tem uma relação específica com este sentimento.
Lendo recentemente um artigo no site da BBC intitulado The European country that loves being sad (O país europeu que ama ser triste)[1] fui remetido a essa especificidade do espírito português presente na nossa língua. Eric Weiner, autor do artigo, comenta que enquanto o americano tem uma necessidade de buscar a felicidade ou ser feliz a todo custo, o povo de Portugal já é diferente. Segundo ele, quando se pergunta a uma pessoa portuguesa como ela está, a resposta mais entusiasta que se pode receber é “mais ou menos”.
De acordo com o autor, Portugal tem uma cultura de melancolia difícil de perder. Enquanto em alguns países homenageiam-se com estátuas generais, naquele país fazem-se esculturas para os poetas. Weiner lembra a especificidade da palavra saudade. Uma palavra intraduzível para outras línguas. Ele a define como uma dor por alguém ou por algum lugar que um dia nos deu grande prazer. Difere-se de nostalgia por causa do senso de ausência e de perda.
Isso está fortemente expresso pela música. O fado, principal ritmo português, demonstra essa tristeza. A sua origem está ligada a prostitutas e a mulheres de pescadores que conviviam a possibilidade constante de seus maridos não voltarem do mar. Portanto, surge no meio de pessoas que lidavam com o sofrimento.
Não poderíamos encontrar resquício desse espírito na música brasileira? A música caipira tem um acento forte nas paixões mal sucedidas e no sofrimento da vida no campo. Um clássico como “Saudades de Matão” de Jorge Galati exemplifica isso. Assim seguem as músicas de fossa para afogar as mágoas, exemplo típico dos anos 70 é a cantora Maysa.[2] Nos anos 80, o sertanejo romântico de Zezé di Camargo e Luciano e de Leandro e Leonardo resgata o tema do amor dolorido e atualmente, temos a ‘sofrência’. Tudo inspira tristeza.
A alegria na nossa música parece entrar com a herança africana, principalmente, a partir do samba e do Carnaval. Atualmente, temos uma diversidade de espíritos predominando na nossa música, principalmente, a tendência hedonista do sertanejo universitário, do funk. Neste caso, música não foi feita para cantar tristeza, mas para estimular a festa, ao sexo, a bebedeira. Mas, à moda de Portugal, nossa música nunca deixou de cantar a tristeza, porque, como diz a canção de Amácio Mazzaropi “A dor da saudade quem é que não tem”.



[1] O texto pode ser encontrado em: http://www.bbc.com/travel/story/20161118-the-european-country-that-loves-being-sad
[2] O site da rádio cultura faz uma lista e comentários sobre essas músicas: http://culturabrasil.cmais.com.br/playlists/para-afogar-as-magoas

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Eles têm Trump, Nós temos Bolsonaro:

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Crédito: Petar Pismestrovic


O QUE O FENÔMENO TRUMP REVELA AOS BRASILEIROS?


A imprevisível eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos revela para nós brasileiros uma transformação na geração de eleitores que não está presente somente lá, mas também aqui no Brasil. Há uma nova maneira de pensar política emergindo por aí e que parece que vai avançar!
A tendência atual é a elite tradicional e jovens de classe média optarem por candidatos que apresentam um discurso promissor, bombástico, antiesquerda, politicamente incorreto e que prometem realizar mudanças radicais. O discurso vem sempre marcado pelo tom moralizador, de salvador da pátria. Isso pega de cheio os eleitores decepcionados com os políticos tradicionais e de discurso politicamente correto.
Do ponto de vista econômico, classes sociais apostam nessas figuras procurando uma política de recuperação de prestígios. Além disso, as transformações dos valores sociais ocorridas nos anos 80 e 90 trouxeram para a política obrigações de atender minorias, ampliar serviços para a classe pobre, tolerar migração. Mas esse discurso é tolerado enquanto a elite não tiver seu espaço dividido. Com a crise, o desemprego e milhares de imigrantes disputando postos de trabalhos com os nativos, tudo isso gera uma insatisfação contra o politicamente correto, tolerante. Essa insatisfação ocorre no Brasil. Os cidadãos sentem os efeitos da crise e se revoltam contra a política dominante.  Isso fez com que a esquerda no Brasil enfraquecesse muito recentemente.

As chances de ocorrer um fenômeno Trump no Brasil aumentam. Existe uma classe de brasileiros que tem as características para votar em candidato com perfil semelhante. Esses cidadãos são aqueles que são contra programas sociais, cotas étnicas, imigração dos haitianos, e acreditam que “bandido bom é bandido morto”, que a causa do estupro é o tamanho da roupa que a mulher usa. Ou seja, assumem um discurso político-moral reacionário, politicamente incorreto e dizem que esses outros valores são coisas de “comunistas”. Enfim, se deu Trump lá, pode dar Bolsonaro aqui!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Australiana opta por viver sem dinheiro

A australiana Jo Nemeth decidiu a viver sem dinheiro desde março de 2015. Movida pela necessidade de contribuir mais com o meio ambiente, Jo foi viver em um trailer no terreno de amigos e passou a produzir o próprio alimento na sua horta.
Crédito: Jo Low Impact.
    Além de se alimentar com a sua própria produção, troca parte dela por roupas, outros produtos e serviços. Os produtos de higiene pessoal ela pede amigos que juntem restos de hotéis e viagens. Para banhos, ela instalou um aquecedor solar na sua nova casa. Jo conta toda a sua experiência em um blog intitulado Jo Low Impact.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Ética e Eleições


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O CONCEITO ARISTOTÉLICO DE VIRTUDE E AS CAMPANHAS ELEITORAIS

José Aristides da Silva Gamito[1]


As campanhas eleitorais nas pequenas cidades, onde a proximidade entre candidatos e eleitores é maior, geram fortes embates. Nessa época, todo cidadão discute sobre política. Mas qual é o conceito de política presente nesses confrontos?
Para muitos “política” é unicamente sinônimo de período eleitoral. Para esses cidadãos política acontece somente de quatro em quatro anos. O cidadão se esquece dos problemas do município durante anos e retoma seu senso crítico provisório para alavancar a campanha de seu candidato como se a mera mudança de administrador resolvesse todos os problemas. O seu discurso crítico é apenas um oportunismo. Carece de compromisso com a mudança efetiva.
Além disso, a concorrência eleitoral gira em torno de graves problemas morais. O eleitor negocia sua consciência com o candidato, vende seu voto e estimula seu candidato a concorrer de modo desleal para vencer a eleição. Ou seja, os valores morais entram em recesso nessa época!
Nessas cidades, entende-se concorrência eleitoral de forma muito primitiva. Parece uma desleal corrida desportiva. Quebram-se regras, incitam-se ao ódio ao adversário, fazem todo tipo de provocação e desrespeito ao adversário. E o mais curioso é que quem é do grupo chancela essas atitudes como se fossem válidas, como se não fossem graves contradições morais. Até mesmo os valores religiosos são interrompidos! Pessoas profundamente cristãs acham isso normal!
Fora do período de eleições, muitos desses cidadãos que se envolvem diretamente com a política partidária, principalmente, aqueles que são funcionários públicos se posicionam de modo duvidoso. Justamente, esses que deveriam no exercício de suas funções desenvolverem uma cultura política honesta e justa, eles são ora coniventes, ora hostis.
O cidadão que diz que tudo que seu partido faz é certo é conivente, e o que diz que o que tudo que o adversário faz é errado é hostil. Essa é uma figura perigosa porque ela muda de opinião rápido e mistura verdade com interesse. É muito conveniente!
Esses mesmos tipos de cidadãos são aqueles que em período eleitoral agridem as pessoas nas ruas, fazem baixarias nas redes sociais, espalham mentiras para trazer vantagens para seu candidato. Em suma, temos inúmeros exemplos de que falta ao povo educação política!
Aristóteles dizia que virtude é a justa medida. Eu diria que o eleitor virtuoso está entre a conivência e a hostilidade. Ele está a certa distância das vontades de seu candidato, não aplaude o erro, não fecha os olhos aos deslizes dele, é crítico. Porém, a maior qualidade deste é reconhecer qualidades no adversário e não trapacear o jogo democrático. O candidato ou eleitor sabotadores são os piores tipos na política. São aqueles que acham que vale fazer baixaria, descer o nível, provocar, xingar o adversário. São tipos assim que buzinam, soltam fogos de artifícios perto da casa dos outros, colocam som alto nas ruas para provocar, xingam o adversário de “fumo” e repetem se não for do nosso lado “pode chorar”. Cada lugar tem suas frases típicas!
Enquanto, existir essa conivência entre candidatos e eleitores, esse pacto pela sabotagem da democracia, pela corrupção generalizada, não construiremos uma política honesta e justa. Segundo Aristóteles, política e ética são indissociáveis. Somente homens éticos podem ser verdadeiros políticos! O problema é que os malvados dos políticos desonestos usam também esses discursos sensatos para enganar o povo!
A seguir, alistamos algumas atitudes em período eleitoral e pós-eleitoral que as pessoas acham normal, mas são atitudes imorais: a) Comprar voto com dinheiro ou promessa de vantagens individuais; b) Difamar o adversário para diminuir sua imagem; c) Fazer denúncias e críticas somente em época de eleições (isso é hipocrisia); d) Pressionar psicologicamente o eleitor para arrancar votos; e) Provocar o adversário com xingamentos, constrangimentos, principalmente, via redes sociais; f) Perseguir o adversário depois das eleições como revanchismo. São atitudes desumanas, anticristãs, imorais.
Os cidadãos que se prestam a este tipo de concorrência trapaceira são grandes empecilhos para mudança política que os cidadãos de bem pretendem!  Período eleitoral não é época de guerra civil, deveria ser o tempo que os cidadãos deveriam mais se reunir para discutir o melhor para a cidade. Mas como a educação política nossa é atrasada, continuam esses hábitos, e o pior é que são incentivados. Quem pensar diferente nunca será eleito para um cargo política.




[1] Professor de Filosofia, teólogo, jornalista, especializando em Língua Latina e mestrando em Ciências das Religiões. Residente em Conceição de Ipanema. E-mail: joaristides@gmail.com.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Política I

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OS TENTÁCULOS DA POLÍTICA PROPINOCRÁTICA


A práxis política brasileira se consolidou como uma rede de troca de favores. Não há ideologias fixas, nem princípios éticos irrenunciáveis. Toda forma de manutenção no poder, seja no centro, seja no entorno, tornou-se lícita. Quem faz carreira política já se conformou que não tem outro jeito de fazer “política”.
A operação Lava Jato e outras que investigam crime de corrupção são muito importantes, porém, a mídia e o sistema político utilizam a indignação e o senso de justiça popular para fazer novas negociações em cima de iniciativas que poderiam resultar em justiça de fato. Quando alguém aparece no meio político com discurso justiceiro somos enganados mais uma vez, nada mais é do que outro corrupto querendo se promover sob o a égide da honestidade.
E onde fica a esperança do povo nisso tudo? Sempre perdida. O mais desonesto de tudo é que as campanhas eleitorais utilizam essa necessidade de esperança do povo para angariar eleitores. As promessas não correspondem à realidade, mas o anseio por mudança é tão grande que os eleitores acabam apostando em lobos em lugar de ovelhas.
Mas e o povo? O povo é a fonte dos políticos. Se a honestidade anda tão rara, a chance de sair políticos honestos e justos da nossa sociedade é pequena. Hoje se alguém devolve um dinheiro que achou na rua, isso vira notícia. A surpresa que há neste fato não é boa! A expectativa geral parece ser de que ninguém devolve o que acha. Mas quando o eleitor negocia seu voto, briga por causa de política partidária e faz de tudo para apresentar seu candidato como honesto, ele abre espaço para a corrupção se instalar de vez na política.

Não pra conformar que política é assim mesmo! Ser desonesto, mentiroso, fazer jogo duplo com a verdade, não são vantagens. Isso não pode ser apresentado no lugar dos valores morais.  O ponto fraco de nossa luta contra a imoralidade na política é que o povo continua produzindo corruptos que serão os futuros políticos!

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ciência e Morte



QUANDO CESSA A VIDA, DE FATO?


         A definição de que a morte é o cessar da respiração e da circulação, da atividade cerebral está se tornando algo impreciso. Cientistas têm descoberto processos físicos que continuam depois da morte. Pesquisadores da Universidade de Washington descobriram genes, que codificam proteínas necessárias para a continuação da vida, vivos e agindo até 48 horas após a morte do organismo[1].
         Em artigos publicados este mês no BioRxiv[2][3], uma equipe liderada pelos cientistas Peter Noble e Alex Pozhitkov discutiu sobre o despertar repentino de genes em peixes-zebra (Danio rerio) e ratos (Mus musculus) mortos recentemente. Em organismos vivos, a atividade dos genes é certa; constantemente, as células estão ativas para conservar a vida. Mas em cadáver isso não é esperado.
         Os cientistas observaram 548 genes de peixe-zebra e 515 genes de rato entrando em atividade após a morte dos indivíduos. Eles mediram isso observando o nível de mRNA, dados mensageiros para transformar genes em proteínas nas células. Esse processo ativo continuou até 24 horas após a morte.
         Os genes acordados após a morte geralmente estão associados ao câncer e ao desenvolvimento fetal. Esses últimos cessam suas atividades após o nascimento. O que parece ocorrer é que quando o organismo percebe a morte, inicia-se uma batalha em nível celular para recuperar a vida. Portanto, a morte parece ser um processo que começa antes dela mesma, assim como a vida continua depois da morte em âmbito micro.
         Os mistérios que envolvem a linha tênue entre vida e morte ainda estão longe de serem totalmente desvendados, mas poderemos que a morte não é exatamente o que pensamos. Com isso não estamos falando de imortalidade ou de ressurreição, temas esperados, mas que teremos maior compreensão e surpresas desses fenômenos.
         Há alguns anos sugeri a colegas a estruturação de uma “Filosofia da Morte” justamente para debater o conceito que temos atualmente de morte e revisá-lo. E já anunciava que a morte é um processo que se inicia antes do último suspiro e continua além desse momento até agora oficial para definir o limite da vida.



[1] TAYAG, Yasmin. Newly descovered genes Will makes us rethink what time of death really means. Disponível em: https://www.inverse.com/article/17355-newly-discovered-genes-will-make-us-rethink-what-time-of-death-really-means. Acesso em 27 jun. 2016.
[2] POZHITKOV, Alex et alii. Thanatotranscriptome: genes actively Express after organism death. BioRxiv, 2016. Disponível em: http://biorxiv.org/content/early/2016/06/11/058305.

[3] POZHITKOV, Alex et alii. Accurate Predictions of Postmortem Interval Using Linear Regression Analyses of Gene Meter Expression Data. BioRxiv, 2016. Disponível em: http://biorxiv.org/content/early/2016/06/11/058305. Acesso em 27 jun. 2016.

domingo, 10 de abril de 2016

História Regional II



ENSAIO DE RECONSTITUIÇÃO DA BIOGRAFIA 
DE JOSÉ PEDRO DE ALCÂNTARA E 
MANOEL FRANCISCO DE PAULA CUNHA

         Manoel Francisco de Paula Cunha é identificado como um desertor da Guarda Nacional que participou da Revolução Liberal de 1842 que aparece como um dos primeiros desbravadores das terras de Conceição de Ipanema[6].
         Nome semelhante aparece ligado à história de Manhumirim em 1865. Este Manoel Francisco é conhecido como um português desertor da Guerra do Paraguai e que esteve vinculado à fundação de Manhumirim.[7] Ele teria vivido em Iúna (ES) também juntamente com outra típica figura vinculada à história de Conceição de Ipanema, de Ipanema e de Taparuba, José Pedro de Alcântara. Eles seriam originários do Serro. Derrotados na Revolução Liberal tiveram de abandonar suas terras.[8]
         Tem-se notícia de que em 1816 foi construída uma estrada para ligar o Espírito Santo a Minas Gerais. A estrada ficou conhecida por Estrada São Pedro de Alcântara.[9] Com fim do ciclo do ouro, houve uma expansão para o leste de Minas com o propósito de povoamento. A citada Revolução Liberal de 1842 obrigou muitos ex-combatentes a migrarem para a região. Certamente, essas condições trouxeram os primeiros desbravadores da região de Conceição de Ipanema, Ipanema e região.


[1]IBGE:  http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?codmun=314400
[2] WIKPÉDIA: https://pt.wikipedia.org/wiki/Caputira
[3] BRASIL: Coleção de Leis do Império do Brasil - 1872, Página 577 Vol. 2 pt. I (Publicação Original).
[4] http://www.jornaldebolso.com/mun_ipanema.php
[5] https://pt.wikipedia.org/wiki/Concei%C3%A7%C3%A3o_de_Ipanema
[6] https://pt.wikipedia.org/wiki/Concei%C3%A7%C3%A3o_de_Ipanema
[7] http://www.manhumirim.mg.gov.br/Materia_especifica/6532/Historia-de-Manhumirim
[8] http://www.iuna.es.gov.br/pagina/colonizadores.html
[9] http://turhotelitalia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=55&Itemid=59