quinta-feira, 5 de abril de 2012

Capitalismo e o mito de Midas:


TUDO QUE O CAPITALISMO TOCA SE TRANSFORMA EM OURO

José Aristides da Silva Gamito*

O mito de Midas é uma boa metáfora para falar do poder transformador do capitalismo. O mito conta que certa vez o deus Baco quis retribuir um favor ao rei Midas e deu a este a oportunidade de realizar um pedido. O rei pediu que tivesse poder de transformar em ouro tudo que tocasse. A princípio, Midas ficou fascinado. Mas de repente começou a perceber os males do seu poder. Ele não conseguia mais nem comer e nem beber. Até sua filha se transformou em estátua de ouro. A comida, a bebida, as pessoas, tudo se transformava em ouro quando ele as tocava, por fim, o rei começou a correr risco de morrer de fome. Então, pediu a Baco para desfazer o dom.
Assim, acontece com o capitalismo. É intrigante o poder que este sistema econômico tem de transformar tudo em bem comerciável. Na época da Páscoa assim como a do Natal, percebemos como o mercado comercializa as festas, as manifestações culturais e os valores inerentes a esses costumes.  O consumismo supera a solidariedade e o espírito de fraternidade.
Na história da humanidade nunca antes se imaginou o enriquecimento com atividades como o entretenimento, a produção de ideias. O corpo se tornou fonte de riqueza. A indústria pornográfica é prova disso. E tantas outras profissões e costumes que se tornaram bens lucrativos. Mas os efeitos colaterais são semelhantes aos do mito de Midas. O ser humano comercializou e explorou tanto os recursos naturais que corre risco de ser extinto. Portanto, transformar tudo em ouro é uma atitude irracional.
É lamentável ver como as pessoas sentem necessidade de consumir simplesmente porque é Páscoa. O chocolate, por exemplo, é item obrigatório. As propagandas obrigam as pessoas a sentirem vontade de consumi-lo. Mas os valores propostos para essas datas comemorativas simplesmente desaparecem por trás de tanta comercialização. Acredito que é tempo de a gente recuperar a autonomia e reinventar esses espaços na nossa cultura, atribuindo-lhes seus valores originais.

*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.

0 comentários: