domingo, 30 de dezembro de 2012

Ano 2013


LIÇÕES PARA RECORDAR NO INÍCIO DE UM NOVO ANO

José Aristides da Silva Gamito

Como sabemos a vida tem ritos, o começo de um ano novo é um deles. Fazemos promessas de melhorar nossa vida mesmo sabendo que isto não é instantâneo. Quero recordar aqui algumas lições que deveríamos revisitar no começo de cada ano. Elas são voltadas para a arte de viver cujo fim é o alcance da felicidade.
Há ideias diretrizes que deveríamos nos convencer delas e tê-las sempre em mente: 1ª – Mortalidade: Precisamos reconhecer que vamos morrer. Esta aceitação alivia as consequências desastrosas da nossa presunção de sermos eternos. Essas consequências são a arrogância, a prepotência. Muitas pessoas são infelizes porque acham que são ‘divinas’.  Estamos sujeito às condições da natureza como todos os outros seres vivos; 2ª - Verdade: É bom reconhecer que não sabemos tudo, que a verdade é um processo. Seremos mais abertos à diversidade, livres para o conhecimento. Aceitaremos o erro e o fracasso com mais humanidade e humildade.
3ª Sensibilidade: Somos seres que sentimos. Há sofrimentos na vida e não podemos evitar todos eles e nenhum sofrimento, nenhum prazer, são totais. Considerar as causas corretas do sofrimento é também um grande passo para uma vida mais lúcida. Muita gente vive a atribuindo os seus males a Deus ou ao Diabo. Isso é uma vida inautêntica, vida de quem foge de suas responsabilidades.  Além disso, precisamos perceber que não sofremos sozinhos, precisamos nos educar para a compaixão (Solidariedade com o sofrimento alheio).
4ª Relatividade: Precisamos enxergar a vida através de mais de uma visão, de um caminho. Quanto mais diversidade, mais enriquecimento e possibilidade de somar. Não estou falando do extremo desta perspectiva que é o relativismo. Entender a relatividade da vida é perceber que não há uma só verdade, um só valor, uma só opção. Principalmente, deve se evitar a ideia de que a vida é redutível. Ela é inventiva até o fim!
5ª - Finalidade: Não nascemos com um projeto de vida pronto. As coisas se ajeitam no caminho. A falta de compreensão da finalidade da vida leva muitos ao otimismo ou a pessimismo. Não nascemos predestinados. O sentido e a direção da vida são construções nossas. 6ª - Pertencimento: Refiro-me à consciência que devemos ter de pertencer ao todo, de estar ligado a um conjunto (à comunidade, à natureza). O ser humano não vive sozinho, não faz ciência sozinho, não fabrica produtos sozinho. Quanto maior for esta consciência mais temos a ganhar, poupamos esforços, seremos mais fortes.
E por último, a maior ideia diretriz - 7ª - Felicidade: A finalidade da ação humana é a felicidade. É bom relembrar que a felicidade não é um lugar e nem há uma única forma de ser feliz. Ela é mais uma disposição de espírito em superar a relatividade da vida (a alternância entre dor e prazer), dando-lhe um sentido completo. Este sentido é aquela satisfação em suspirar e dizer: “Apesar dos pesares, vale a pena viver”. Ser feliz não é fácil, mas é possível!
Estas são algumas reflexões que proponho para o ano novo. São sete princípios que devem ser bem direcionados para termos uma vida mais lúcida, com maior aproveito das oportunidades. Quero ressaltar que esse elenco de ideias não compõe uma fórmula da felicidade! São apenas dicas, cada um tem de fazer o seu caminho! Boa caminhada a todos em 2013!

domingo, 16 de dezembro de 2012

21 de dezembro: Fim do mundo?


  
SE O MUNDO ACABASSE ESTA SEMANA

José Aristides da Silva Gamito

Se o mundo acabasse esta semana, a história da humanidade não acabaria bem.  Este ‘fim’ jamais poderia ser entendido como conclusão de um processo. O capitalismo e o avanço da tecnologia trouxeram um mundo maravilhoso à nossa disposição, mas essas vantagens não são inclusivas. A comunicação, o transporte, o conforto doméstico e a medicina são exemplos de passos gigantescos e positivos dados pelo homem nos últimos dois séculos.
Mas por outro lado, segundo dados da FAO, quase 870 milhões de pessoas passam fome no mundo, ou seja, 12, 5% da população mundial não têm o que comer. Além disso, a recente crise mundial estagnou a diminuição da pobreza em países desenvolvidos como ocorria anteriormente.
Neste mundo que há fome, há trabalho escravo, há tráfico de mulheres, há extermínio de jovens nas disputas do narcotráfico. Depois de duas guerras mundiais, ainda persistem guerras civis e étnicas intermináveis em muitos países. E a violência urbana cresce cada vez mais nos grandes centros. Este é o mundo em que 92% das pessoas creem em Deus. Pelo menos é o que sugere uma pesquisa da BBC realizada em 10 países. Ou seja, a mensagem de fraternidade e de solidariedade dessas religiões não é capaz de conter as mazelas morais do mundo.
Mesmo se considerássemos este ‘fim’ de forma utópica, como o fim de um mundo de desigualdades, nós teríamos muito trabalho pela frente. Pois este mundo novo tão sonhado deve ser construído por nós. Analisar o mundo presente não é fácil, são tantas contradições que não sabemos se devemos ser pessimistas ou otimistas. Mas pelo menos é o mundo que temos (proposição realista) e que não vai acabar tão cedo!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Filosofia da Religião: Ecos sobre tolerância



 PRECONCEITO RELIGIOSO: ONDE TUDO COMEÇA?

José Aristides da Silva Gamito

Sempre é tempo de reflexão. Esses dias circulam na internet reações à atitude de um grupo de 13 estudantes evangélicos de uma escola estadual que negou a fazer um trabalho sobre cultura afro-brasileira. A notícia gerou muita polêmica. A rejeição da cultura e das religiões afro-brasileiras é comum no meio cristão. O desconhecimento gera o preconceito, o preconceito gera a intolerância, a intolerância gera a violência. E muitas vezes esta violência veio em forma de guerra! Veja a expressão “guerra religiosa”, “guerra santa”. São expressões sem sentido! Mas já fizeram e fazem guerras por motivos religiosos.
Onde tudo começa? Sempre pelo preconceito.  Antes de convivermos com uma nova realidade temos pré-conceitos e generalizações. Este é conhecimento de primeira impressão: “Acho que é assim”.  Isso é um mecanismo de contato, mas só faz parte de um processo inicial. Já o preconceito como forma de conhecimento e de identificação permanente de alguém ou de grupos com os quais temos de conviver é pura ignorância e estagnação intelectual.
O preconceito religioso advém da identificação das religiões por premissas erradas e absolutizadas, tais como "todos os macumbeiros adoram o diabo", "todos os católicos adoram imagens", "todo pastor é ladrão", "todo muçulmano é terrorista". Quando você só tem uma frase para identificar a complexidade de uma classe, você se fecha ao verdadeiro conhecimento e sai discriminando.
No caso das religiões afro-brasileiras a origem do preconceito está na satanização dessas religiões. Muitos cristãos creem e difundem que os adeptos dessas religiões adoram o diabo. O próprio vocabulário difundido sobre essas religiões já demonstra o desconhecimento que as pessoas têm. Elas confundem Exu com Diabo, despacho com feitiço, macumba com as diversas religiões de origem africana. É um reducionismo da diversidade religiosa africana.
Esses cristãos tentam pensar essas religiões a partir de categorias cristãs. É claro, são as lentes que possuem! Mas sempre vale a pena a dar um passo a mais. Quem estuda com abertura de mentalidade terá menos preconceito e respeitará mais o próximo.
Amar e respeitar o próximo depende de empatia. Empatia que dizer colocar-se no lugar do outro. Isso quer dizer que a discriminação dói e desumaniza. A discriminação religiosa é a mais contraditória de todas! Lembre-se da velha máxima “Não façais aos outros aquilo que vós não quereis que vos façam”.

domingo, 11 de novembro de 2012

O dever de incluir


PROCESSO DE REINSERÇÃO: ONDE ESTÃO OS EX-MINISTROS E OS EX-ASPIRANTES A MINISTÉRIOS
 NA IGREJA?

José Aristides da Silva Gamito

Introdução

Ultimamente vem sendo divulgado na mídia que Richard Dawkins, biólogo e militante do ateísmo, criou o Projeto Clero (The Clergy Project)[1] que é mantido por sua fundação com a finalidade de apoiar clérigos que deixam o ministério e não encontram mais acolhida e compreensão em suas comunidades religiosas. Fiquei pensando: Por que um ateu teria de fazer isso? Não seria a própria fraternidade cristã?
O apoio de Dawkins, é claro, tem o propósito de incentivar o ateísmo, mas por outro lado representa a emergência de um serviço necessário: Apoiar os egressos da Igreja ou das Igrejas. Normalmente, os padres e os pastores que deixam o ministério não são compreendidos por seus familiares e muitos são rejeitados pelos amigos e por suas comunidades.
Esses homens e mulheres recebem um estigma como se fossem anátemas. A situação piora se ao deixa o ministério, o clérigo deixa também a fé que professara até aquela ocasião. As Igrejas se pautam sobre os princípios da fraternidade, mas têm dificuldade em acolher o “diferente”, o “não desejado”. É, na prática, uma fraternidade condicional.
Muitas vezes, os fiéis compreendem a vocação como um fato definitivo e não como um processo. Segundo esta visão, os vocacionados são obrigados a seguir uma opção única como se fossem predestinados e impedidos de retroceder. Descobrir a ausência de vocação é encarado como ‘traição a Deus’. Percebe-se nesta perspectiva a radicalidade do seguimento: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não está apto para o Reino de Deus” (Lc 9, 62). Porém, uma radicalidade aplicada à situação equivocada.



A Fundação Clero

A fundação de Richard Dawkins desperta uma discussão relevante sobre como as Igrejas acolhem seus clérigos egressos.  O projeto surgiu pensando em milhares de clérigos que já não mais acreditam no que fazem, mas não deixam o ministério porque temem a rejeição, não têm opção de emprego ou estão desatualizados demais para enfrentar o mercado de trabalho. Recomeçar é desafiante para essas pessoas.
Muitos fiéis veem esta situação com ingenuidade ou ignorância e consideram um problema de fácil solução. Mas para a maioria dos envolvidos tudo soa como um drama existencial.
A fundação tem o exemplo da pastora metodista Teresa MacBain[2], que deixou de acreditar em seu ministério, mas teve dificuldade em renunciar, mas o fez graças ao apoio do Projeto Clero, que em sua comunidade online[3], já possui mais de 200 membros.

A situação dos egressos no Brasil

No Brasil, já existe um movimento organizado dos padres casados. São padres que deixaram o ministério, continuam tendo fé, mas não encontram mais espaço na Igreja. Exemplo disso é a Associação Rumos[4]. A Associação existe desde 1986 e representa mais de 5 mil padres casados e suas famílias.
Esta classe assim como os ex-seminaristas, as ex-freiras, são alvo de uma desconfiança por parte dos fiéis ou mesmo por parte da instituição e não conseguem recuperar seu espaço dentro da Igreja. No fundo, são vistos de um modo raso como “traidores da vocação”.
A Igreja perde muito com esta dificuldade de inserção dos ex-ministros e ex-aspirantes a ministérios, pois eles têm boa formação teológica, experiência de liderança. Não são aproveitados na Igreja. Aliás, a Igreja é talvez a única instituição a não aproveitar o retorno de seus investimentos quando se trata de qualificação de pessoas. Todo o investimento feito através dos seminários fica anulado por uma incompreendida desconfiança.

A hospitalidade cristã e a vida dos egressos

Os egressos sofrem com o processo de decisão, com a rejeição de parentes e da comunidade, e por fim, não recebem o apoio da Igreja. São raros os casos de acolhida e correta reinserção deles. Já é hora da Igreja institucionalizar este suporte porque sua missão é humanitária, é fraterna. Portanto, deve começar a acolher primeiramente os de casa, senão esta tarefa vai ficar para os ateus como é o caso do Projeto Clero.
Não combina com a natureza e missão da Igreja esta desconfiança e este tratamento como “descartável” que muitas autoridades eclesiásticas dão a seus colegas egressos. É uma situação que clama por humanidade. Muitos jovens deixam suas famílias, seus trabalhos, ingressam na vida religiosa, desistem, não encontram apoio e saem sem emprego, defasados para o mercado. O mesmo empenho que as pastorais vocacionais têm em conquistar os vocacionados, elas devem ter em acolher suas desistências. Se for diferente disso, teremos a nossa frente uma relação descartável e de instrumentalização da pessoa humana.

Considerações finais

Duas ações são necessárias: A acolhida imediata dos egressos e a inserção deles no trabalho pastoral como mão de obra especializada. Para aqueles que deixam a fé também deve ser dado o mesmo tratamento. Se a Igreja não fizer isso estará falhando como comunidade fraterna. A visão de vocação precisa mudar muito ainda, precisa ser vista de forma mais humana, terrena, pessoal. Existe atualmente cerca de 8 mil padres casados no Brasil[5], cadê eles? Sem contar ex-seminaristas e ex-freiras. A acolhida destes certamente enriquecerá a Igreja e fará a diferença na vida de cada um deles.

Este texto trata de um assunto sério e relevante e espera encontrar por parte de autoridades eclesiásticas, e demais fiéis, o devido respeito e consideração.



[1] http://noticias.gospelprime.com.br/pastores-e-padres-ateus-sao-encorajados-a-assumir-isso-publicamente/
[2] http://www.pavablog.com/2012/05/04/meu-nome-e-teresa-fui-pastora-da-igreja-metodista-e-agora-sou-ateia/
[3] http://clergyproject.org/
[4] http://www.padrescasados.org/sobre/
[5] http://www.opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2012/06/29/noticiasjornalfortaleza,2868663/brasil-tem-cerca-de-oito-mil-padres-casados.shtml

domingo, 4 de novembro de 2012

Para falar sobre Deus: Critérios




PRINCÍPIOS PARA UM DISCURSO SENSATO SOBRE DEUS

José Aristides da Silva Gamito

 

Introdução

Constantemente nos deparamos com afirmações sobre Deus aparentemente bem intencionadas, mas que turvam muito a imagem de um Deus moralmente aceitável. Muitas vezes, a imagem de Deus que se tem é muito cruel. Há pessoas que sofrem por causa de seus conceitos religiosos. Ultimamente, o neo-pentecostalismo tem difundido uma ideia de intimidade com Deus que na verdade é uma tomada de posse de Deus por parte do fiel. Ele torna conhecedor de Deus demais e o torna refém de suas vontades. Neste discurso, tudo pode se afirmar em nome de Deus. É um discurso que conduz ao fundamentalismo religioso.
Portanto, é importante levantar alguns princípios do discurso sobre o divino. Cotidianamente, as pessoas falam de Deus, mas nem sempre fazem uma crítica da linguagem que usam para descrevê-lo, nem mesmo verificam as consequências de suas afirmações.

A natureza do conhecimento sobre Deus

Primeiro, devemos considerar que um discurso sobre Deus será sempre limitado. Trataremos sempre de metáforas e tentativas de aproximação. A citação neotestamentária vem corroborar isso: “Ninguém jamais viu a Deus” (1 Jo 4, 12). A natureza do conhecimento de Deus é simbólica e metafórica. Deus é conhecido através da fé, a fé provém do testemunho da Palavra. Nas Escrituras estão esses testemunhos acerca da existência e da vontade de Deus. Porém, não há uma descrição técnica de Deus. Há narrativas e admoestações sobre Deus. O texto de Êxodo 3, 14 ilustra esta perspectiva: “Eu sou aquele que sou”. E nada mais.
A teologia apofática caminhou nesta direção: Não se pode definir a existência e nem a inexistência de Deus, o divino vai além desses conceitos. Segundo este modo de fazer teologia, podemos dizer algumas coisas que Deus não é, mas não podemos afirmar o que ele é. É um modo de respeitar a inefabilidade de Deus.

A limitação das fontes humanas

O conhecimento que supomos ter sobre Deus vem de fontes humanas, historicamente influenciadas no espaço e no tempo. Mesmo quando se diz sobre a revelação de Deus na Bíblia, temos de entender que este evento é maior que o texto bíblico.  Quem revela (Deus) é infinito, quem recebe a revelação (o homem) é finito. O homem não pode captar tudo o que Deus é.
Não estamos proibidos de falar sobre Deus. Na verdade, podemos sim. Mas podemos falar pouquíssimo sobre Deus. Nossos instrumentos são insuficientes.

Deus excede o sistema religioso

            Outro aspecto que deve ser considerado é a relação entre Deus e a autoridade de uma religião. Não seria sensato atribuir a Deus a autoria de todo o sistema religioso.  O divino não coincide com sistema religioso, está além dele. Se houver esta coincidência, as mazelas históricas serão atribuídas a Deus. Esta tentativa de tomar posse de Deus para validar a autoridade de um sistema religioso não deu certo. Temos os casos das teocracias que serviram para oprimir muita gente. A Igreja na Idade Média, o fundamentalismo islâmico contemporâneo, são exemplos disso.

A aporia sobre o problema do mal

A coexistência de um Deus bom e a presença de um mal no mundo é um problema que deve ser tratado com sensatez. As pessoas sempre se deparam com esta limitação no conhecimento sobre Deus. Vários pensadores tentaram dar uma solução a este problema. Mas na verdade não temos respostas conclusivas sobre. Atribuir a autoria do mal a Deus é posição muito complicada.
No cotidiano nós encontramos pessoas revoltadas, frustradas na fé, porque atribuíam tudo na sua vida a Deus. E quando veio a tragédia de forma tão injusta? Será que Deus queria isso? Este choque com a bondade e a justiça divina trouxe infelicidade a muita gente.
Para um discurso sensato sobre Deus deveríamos aceitar o problema do mal como inconclusível. Afirmações rasas sobre a autoria do mal só trarão mais dificuldade no discurso sobre Deus.

A inefabilidade divina e os limites da inteligência humana

            A inteligência humana não pode conhecer algo descrito como a natureza divina. Logicamente, podemos conhecer apenas seres e objetos naturais. Mesmo que a mente possa intuir a existência e demonstrá-lo pelo discurso, não poderá apresentá-lo cientificamente e mesmo no discurso poderá esgotar tudo sobre ele.
Em síntese, o conceito habitual que se tem de Deus é muito além do que a inteligência pode alcançar. Tentativas de definir Deus podem ser na verdade mecanismos de projeção de um Deus que é a vontade das pessoas elevadas a uma potência máxima.

 “Sobre aquilo que não pode falar, deve se calar”

Considerada a diferença entre Deus e o homem. Mesmo levando em conta a Revelação, mas admitindo a limitação da inteligência em compreendê-la por completo. E, além disso, entendendo que a Revelação não nos mostra Deus em sua íntima essência, apenas através de imagens, mesmo se mostrasse não compreenderíamos. Afirmamos, utilizando a frase de Wittgenstein: “Sobre aquilo que não pode falar, deve se calar”. De fato, não temos competência para definir Deus e nem atribuir-lhe coisas que não sabemos.
Então, um discurso sensato sobre Deus deve levar em conta estes aspectos: a) A inefabilidade de Deus; b) A limitação da linguagem e da inteligência humana; d) A historicidade das fontes, c) A inadequação entre sistema religioso e Deus, f) A insolubilidade do problema do mal e tantos outros. Talvez, nós pudéssemos, levados por nossa teimosia, falar sobre Deus poeticamente, sem conceitos, considerando tudo como linguagem provisórias. Como diria Rubem Alves, faríamos teopoesia.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Homenagem a amigos de Conceição de Ipanema


POEMA FÚNEBRE

(Em homenagem a: Ozéias Ribeiro de Paula, Evelina de Faria Rodrigues Valamier, Ricardo Miranda Braum, Altieres de Souza Barbosa, João Batista da Silva, Mariana (filha de João Batista da Silva) e Rosilene Machado Alves da Silva.)


Porque hoje os sinos soam com tanta tristeza?
Não tenho todas as respostas, mas direi:
Talharemos vossos nomes em nossas mentes,
Como se gravássemos em placas de bronze,
Sim, não nos esqueceremos de vós jamais,
Porque a amizade transcende os umbrais da morte!

O silêncio, o discurso mais eloquente sobre a morte,
Nós o tomaremos por testemunha. Sim!
Resquiecant in pace, in vera pace!

Porque  nossos corações estão constritos?
Escapam-nos as palavras entre as lágrimas, mas direi:
Inscreveremos vossos nomes em nossos corações,
Como marcas indeléveis, com instrumentos perenes.
Sim, conservaremos vossas imagens em nós,
Porque assim como a amizade, a esperança
De vos reencontrar transcende os limiares da morte!

O silêncio, o discurso mais eloquente sobre a morte,
Nós o tomaremos por testemunha. Sim!
Resquiecant in pace, in vera pace!


Conceição de Ipanema, 09/12/2012

José Aristides da Silva Gamito

Informações sobre o acidente que vitimaram esses amigos: Notícias na TV Alterosa.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Língua Tupi:


 
TUPI: A LÍNGUA CLÁSSICA DA CULTURA BRASILEIRA

José Aristides da Silva Gamito

O grego e o latim se tornaram referência obrigatória no conhecimento da civilização ocidental. São estudados nas áreas de ciências humanas e já foi considerado status dominar as chamadas línguas clássicas. E na formação da cultura brasileira a quem daremos este crédito? É claro, não podemos nos esquecer da língua tupi ou língua brasílica.
Quando propomos o estudo e a valorização do tupi somos acusados de ter o sonho de Policarpo Quaresma. A integração do conhecimento do tupi aos estudos humanistas e clássicos da cultura brasileira não quer dizer tornar o tupi a língua oficial do Brasil e nem obrigar os brasileiros a falarem esta língua. Na verdade, propomos o conhecimento da língua para entender a evolução de outras línguas indígenas e da própria língua portuguesa. E até mesmo o cultivo da língua por pequenos grupos assim como fazem os círculos de latinidade. Quem quiser sonhar mais longe, que sonhe com sua revitalização!
Os estorvos maiores são provenientes da ideia equívoca que temos da história. Para muitas gerações, o Brasil nasceu falando português. Esta língua nos foi imposta! Na prática, o Brasil falava tupi até o século XVIII. O processo de imposição do português por parte da metrópole foi gradativo.
Portanto, existem muitas e boas razões para o estudo do tupi. O estudo desta língua deveria ser obrigatório nas licenciaturas em Letras/Língua Portuguesa. Ou quem sabe integrar uma parte do currículo do Ensino Médio mesmo como temas transversais. A mania da universalização da língua portuguesa nos impede de ver o Brasil do tamanho que ele é.
O conhecimento do tupi trará mais desenvoltura para alfabetizadores e professores de português no domínio da etimologia, da ortografia e da semântica de muitas expressões brasileiras. Além de elucidar a posição da língua portuguesa na história do Brasil. É aconselhável para quem não conhece o tupi, conhecê-lo. Quem é educador que o acolha nas escolas. Reservem um espaço para a língua máter do brasileiro, nem que seja em forma de pequenas oficinas. Aos poucos, redescobriremos a nossa língua clássica! Kobekatu!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A "Terra sem Males"


 
              A INCONSTÂNCIA DAS UTOPIAS E O SONHO DA PÁTRIA IDEAL

José Aristides da Silva Gamito*

Desde o paraíso bíblico até as utopias socialistas modernas, estamos sempre sonhando com uma pátria ideal. O episódio bíblico da libertação do povo israelita no Egito por Moisés enche de esperança quem toma conhecimento dele. Aliás, foi um texto muito iluminador para as reflexões da Teologia da Libertação. O movimento operário inspirado pelas ideias marxistas também almejou esta pátria ideal. Assim, ao longo da história muitas utopias foram criadas.
A tão sonhada “Terra sem males” (como é designada a utopia indígena) está sempre em construção. Observamos que sempre quando algum movimento se rotula como a realização plena da utopia, há muitas decepções.  Os extremismos são os grandes obstáculos das utopias. A esperança e o desejo de concretizar um ideal se torna tão grande que se perde os limites da razão. Os bem intencionados regimes socialistas se tornaram totalitarismos destruidores das liberdades individuais.
As utopias são necessárias, são sinais de que acreditamos na mudança possível. Os erros cometidos ao longo da história passam pela identificação da utopia com um movimento concreto. Este não pode conter em si todo o ideal, então, acaba por decepcionar as pessoas. Todo movimento de libertação deveria se conceber como provisório, auto-crítico e solúvel.
O mais intrigante é que já houve tantos momentos favoráveis, há tantos discursos em favor da igualdade e de um mundo melhor, mesmo assim a mudança continua sendo uma esperança. Hoje dia 7 de setembro, Dia da Pátria, quis refletir sobre o mundo ideal que buscamos tanto e não se concretiza. Creio que precisamos diminuir as teorias para abraçarmos a mudança com mais convicção, com a consciência de que a humanidade é uma só: A dor de um é a dor de todos!

*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.

Reflexões sobre o Dia da Pátria: Como lidar com as nossas utopias que nunca se concretizam?

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Sentido da Vida


 
BREVÍSSIMA VIGÍLIA

José Aristides da Silva Gamito

Abrimos os olhos para a luz,
Um instante só dura a vida!
Ela é um sonho tão tênue,
tão sofisticado e tão fascinante.
Mas que basta uma ruptura mínima
Para que venha ruir e reduzir-se
A bocadinhos de saudades.

Enquanto, os desavisados empregam
Em vão seu tempo com a violência,
Eles se esquecem da efemeridade da vida!
Já que tudo é tão breve,
que valha a pena viver bem,
que valha ser lembrado com sorrisos!


Ninguém gostaria de morrer....
E muito menos gostaríamos de viver
A tortura de ter de aceitar a morte alheia.
Mas a vida que nos resta é esta:
Muito mais perguntas que respostas.
Os sons de nossas questões se perdem
No silêncio imenso do universo!

Quem poderá nos responder?
Quem poderá nos valer?
Tímida razão, esperança debilitada!
Apesar de tanta dor, ainda podemos
Sorrir porque é a mais bela recordação
Que podemos deixar do tempo que existimos.


05/09/2012

sábado, 1 de setembro de 2012

Arte entre Povos


 
INTERCÂMBIO CULTURAL

Pela segunda vez, recebi em Conceição de Ipanema o Circuito Cultural Arte entre Povos. Este evento acontece pela terceira vez no Brasil. É um intercâmbio de artistas latino-americanas em 13 cidades brasileiras. Os artistas permanecem 3 dias em cada cidade e conhecem a cultural local. Eles oferecem shows, oficinas de artes e debates sobre a realidade latino-americana.
Estiveram em Conceição de Ipanema os cantores argentinos Gabo Sequeira e Pablo Fernandez, o chileno Felipe Aranda, os artistas cubanos Adela Figueroa, Ilén de la Cruz e Francisco Rivero e o historiador gaúcho Bolívar Almeida. O evento aconteceu de 28 a 31 de agosto.





segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ciência & Religião ou Ciência X Religião?


 
BÓSON DE HIGGS: QUAL A RELAÇÃO ENTRE CIÊNCIA E RELIGIÃO?

José Aristides da Silva Gamito*

No início deste mês, julho de 2012, foi anunciado um importante passo da ciência: A descoberta de uma partícula que pode ser a tão procurada Bóson de Higgs. Esta partícula também chamada de “partícula de Deus” possui a propriedade de permitir que todas as outras partículas tenham massas diferentes.
Muitas pessoas reagiram negativamente a esta descoberta da ciência. Ainda existe aquela velha dificuldade de aceitar a ciência. Como se a ciência fosse uma concorrente da religião. Muitos se fecham ao esforço da ciência em conhecer a natureza. Muitos religiosos pensam que o conhecimento só da Bíblia basta. Como poderia ter resposta para um problema que nem existia?
A teoria de Higgs é um assunto da física moderna. A Bíblia tem sua redação final no início do século II da era cristã. Naquela época nem se cogitava sobre este assunto.  Definitivamente, a Bíblia não tem resposta para tudo. Ciência é ciência, religião é religião. Não precisa haver rivalidade. Cada área do conhecimento deve delimitar seu papel. A Bíblia não pode ter respostas para perguntas que não eram feitas na época em que foi escrita. Bíblia não é um livro de ciências. E a teoria de Higgs é um assunto complexo para ser simplificado assim!
O germe do fundamentalismo é a consideração do texto bíblico literalmente como palavras de Deus. A Bíblia não é um livro mágico, se quisermos defendê-la sensatamente temos de admitir seus limites. E isso não descaracteriza Deus! Não podemos confundir Deus com Bíblia! A Bíblia tem de ser lida com critérios e sem perder de vista o lugar, a época e a cultura em que foi escrita! Agora Deus é Deus!
A Bíblia não é a boca de Deus. É a boca de homens e mulheres que contaram suas experiências de fé. Se a gente colocar cada palavra da Bíblia na conta de Deus, teremos uma imagem muito obscurecida de Deus e difícil de defender! Deus é Deus! Ele é YHWH, no sentido bíblico. Ou seja, inefável.
Por outro lado, a ciência não tem como objetivo provar a não-existência de Deus. A ciência simplesmente procura entender o funcionamento da natureza. Por que a religião tem de desqualificar tanto a ciência assim? Não podemos ignorar o esforço dos cientistas. Ignorar a contribuição da ciência é voltar à pré-história. É muito precipitada essa mania de achar que todo cientista é ateu. O erro da religião é encerrar uma discussão séria e complexa com poucas palavras ou simplesmente usando a palavra “Deus”.

*Bacharel e licenciado em filosofia e pós-graduado em Docência do Ensino Básico e do Superior

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vida e mortalidade:


 
                  VIVER É TÃO BREVE     

José Aristides da Silva Gamito

Poema para refletir no dia que morre alguém


Como posso saber a exata dimensão do que é viver?
Há dias tão doces quanto ouvir uma canção em espanhol,
Há dias tão penosos que contamos as horas para tudo acabar.
Muita gente acorda feliz e anoitece com uma tragédia em sua história.

Para tudo mudar? Bastam segundos.
Tudo é devir! Tudo é incerteza!
Vivemos de apostas:
O amanhã é uma possibilidade!

O que vale tanta arrogância e tanta misantropia?
Apenas para deixar uma detestável biografia?
Cada dia nós escrevemos um epitáfio!
Candidatamo-nos a uma lápide!

Para tudo mudar? Bastam segundos.
Tudo é devir! Tudo é incerteza!
Vivemos de apostas:
O amanhã é uma possibilidade!

Morramos com mais dignidade e vivamos um dia mais humano,
Mas tudo sem prever, sem precisar sentir a desgraça como prenúncio
                         Para depois se descobrir mortal, efêmero, capaz de falhas.
Viver é tão breve e a nossa esperança é infinita!

Para tudo mudar? Bastam segundos.
Tudo é devir! Tudo é incerteza!
Vivemos de apostas:
O amanhã é uma possibilidade!

Então, apostemos em mais um dia
E façamos dele o mais belo, o mais coerente, o mais ativo!
Enquanto vivemos, façamos bem feito nosso último dia.
Pois, esta é nossa condição! Ou, talvez prefira viver como se não fosse!


Conceição de Ipanema, 20 de junho de 2012

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Aversão à política



POLITICOFOBIA: EM TEMPOS DE ELEIÇÕES A NÁUSEA DA SOCIEDADE AUMENTA

José Aristides da Silva Gamito*

Os escândalos de Brasília, propinas, mensalões e todo tipo de desmando político pelo país afora aumenta a politicofobia nos cidadãos. Em períodos de eleições, o clima esquenta e a rejeição à figura do político aumenta. Em pequenas cidades marcadas Por aquela disputa acirrada e, muitas vezes, bipartidária, a convivência fica bastante afetada. Será de onde vem tanta sede pelo poder? Em muitas cidades em período de campanha eleitoral, faz-se muita fofoca e pouca política.
Já se tornou corriqueiro no linguajar popular “este ano tem política!”. Ano de eleições tornou-se sinônimo de época de política. Mas será que não se faz política nos outros anos? O cidadão já decorou os discursos de campanha. Esses discursos são marcados por muita promessa e não têm relação com as atribuições dos cargos políticos pretendidos. E muita a gente acredita! Apesar de muita politicofobia, parece que muita gente ainda não perdeu a esperança e sempre acredita no surgimento de um bom político.
Se nós aceitarmos a ideia de que os políticos são todos iguais, aí vamos entregar a luta de vez. A instalação da politicofobia na sociedade se deu justamente pelo pouco envolvimento nosso no meio público. Primeiramente, muita gente através do comodismo e da conivência acabou contribuindo para o aumento da corrupção política. Depois, precisamos analisar se estamos mesmo preparados para uma política dentro dos moldes de um Estado democrático e laico. Já vi pessoas consideradas boas cedendo a pequenos atos de corrupção. Precisamos aprender a enxergar o espaço público como verdadeiramente público.
Enquanto, procuramos manter a esperança no aperfeiçoamento da democracia, vamos suportando a náusea das campanhas eleitorais, das besteiras ditas pelos analfabetos políticos. A solução é não esperar pela mudança dos outros, comecemos por nós mesmos. Se não existia ninguém honesto, vou ser o primeiro, então! Se cada um assumir sua parcela de responsabilidade social, teremos uma política sadia.

*Bacharel e licenciado em Filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Corpus Christi e Filosofia


tapete corpus christi Modelos de tapetes de Corpus Christi 
PRINCÍPIOS PARA UMA ÉTICA DO CORPO: A RELAÇÃO ENTRE DOR E PRAZER

José Aristides da Silva Gamito*

A tradição católica de celebrar a festa de Corpus Christi se fundamenta na adoração da santidade do corpo de Jesus. Do ponto de vista da filosofia, o que poderíamos refletir sobre o valor e a dignidade do corpo?  Creio que é possível fundamentar uma Ética do Corpo. A racionalidade permite a percepção do próprio corpo e da necessidade de preservá-lo, conferindo-lhe valores como a inviolabilidade.
Toda pessoa humana tem direito à vida e o conceito de pessoa está intimamente ligado ao de corpo. A pessoa humana é corpo humano. Portanto, pretendemos fundamentar esta Ética do Corpo sobre os princípios da dor e do prazer.
O primeiro princípio é o “Não matarás”, ou seja “Não atentarás contra a integridade física do outro”. A violência é um ato de desrespeito do corpo porque causar dor a alguém é covardia, pois aquilo que não queremos que os outros nos façam, por coerência, não devemos fazer a eles. Ferir incomoda, degrada, rouba a paz do outro.
O outro princípio é o prazer. Assim como não há vida sem dor também não há vida sem prazer. A relação entre dor e prazer é decisiva para a Ética do Corpo. Todas as pessoas buscam a felicidade, a paz. Portanto, fogem da dor e buscam o prazer. Mas existe uma disciplina para esta relação: Não podemos, por exemplo, obter nosso prazer em cima da dor alheia. Por consequência, a Ética do Corpo não admite egoísmo. Cuidar de si não é exclusivamente para si mesmo, mas para se definir como pessoa aberta ao diálogo e à relação interpessoal.
Por outro lado, o altruísmo nos faz suportar a dor para assegurar o prazer alheio. Os atos de solidariedade extrema exemplificam isso. Em todos os casos, respeitar a vida, a pessoa humana é respeitar o corpo. A violência urbana e rural, o narcotráfico, tráfico de pessoas, trabalho escravo, padronização da beleza, promiscuidade, tudo isso é exemplo de desrespeito à Ética do Corpo.
Vivemos em uma sociedade com uma conturbada relação com o corpo. A violência destrói gratuitamente pessoas, os padrões de beleza escravizam tantos corpos e o próprio corpo se torna mercadoria. Então, é o momento propício de refletir sobre aquilo que é o ser humano, seu corpo. Acima de tudo conclamando a todos pelo respeito daquilo que nos é mais sagrado. Acredito que a tradição de Corpus Christi reflete no campo da cultura e da ética nos alertando sobre o significado do corpo humano.

*Bacharel e licenciado em filosofia e especialista em Docência do Ensino Básico e do Superior.

sábado, 2 de junho de 2012

Poesia VI:


 
INDIGNA-ME SER MORTAL

José Aristides da Silva Gamito

Indigna-me suportar a mortalidade,
Aceitar que não sou eterno,
Que todos os lindos dias esvanecerão.
Essa condição me condena a construir sempre,
Quando se realizará a profecia, a utopia?

Sempre existe um caminho novo,
Uns iniciam e outros terminam,
Sem continuidade, sempre há interrupções!
Para onde caminharemos cegamente assim?

Queria ter prazo para o meu epitáfio,
Queria ver reconhecida a minha poesia;
Decididamente não quero morrer nesta estação.
Quero tempo para ver em volta o que estou deixando!

E quando protesto, onde está a fé?
Se o amor se foi e o bebê africano morreu de fome;
Se a solidariedade desapareceu e não há mais irmãos;
E a razão? Não é mais ouvida por ninguém.

Enquanto isso, luto contra o tempo
 para deixar um bem, tomara que eu o faça!
Tomara que eu o faça!
E, enfim, morra justiçado!

Conceição de Ipanema, 02/06/2012

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Auto-retrato

Minha auto-caricatura.