quarta-feira, 5 de setembro de 2007

A natureza e a educação do cuidado

Há muita carência de educação no mundo. E uma delas que tem feito falta entre nós, é a educação para o cuidado. O cuidado tem uma tarefa dupla: cuidar dos outros e cuidar do mundo. O nosso descuido com a natureza tem provocado agressões catastróficas. Atualmente, devido ao efeito estufa o nível de acidez nos oceanos aumentou, juntamente com o aquecimento destes, a vida oceânica está ameaçada. Os elevados níveis de ozônio na atmosfera têm causado alterações nas plantas e animais. Os invernos rigorosos da Europa tendem a acabar e as geleiras, a derreter. Esses são exemplos de algumas mudanças naturais resultantes da nossa deseducação para o cuidado.O nosso descuido com os outros engloba tanto essas agressões à natureza quanto o desrespeito direto ao outro. Exemplo claro disso, são as guerras que presenciamos diariamente. Mais do que nunca, precisamos a aprender a cuidar. Esta é uma arte difícil, exige dedicação, discernimento e previsão. Significa assumir a presença dos outros no mundo e assumir o próprio mundo como sustentáculo para os nossos projetos. A lição de Gn, 1, 28 de “crescer”, “multiplicar”, “encher” e “dominar a terra” ecoa aqui. Esses imperativos devem ser entendidos como a prova da grande responsabilidade humana de cuidar da natureza, cuidar como um pastor dedicado.A faculdade de cuidar é própria do homem. Cuidar vem de cogitare “pensar”. Os animais, de certa forma, cuidam dos seus. Porém, só o gênero humano devido à sua racionalidade foi constituído, pela natureza, pastor da criação. Esta opção se torna fundamental, porque agredir a natureza para ele, é agredir a si mesmo. Há uma relação filial incorruptível entre os dois. Pena que temos nos esquecido disso. E vivemos imprudentemente agredindo uns aos outros e a nós mesmos, através da natureza.No dia 4 de outubro comemoramos o Dia da Natureza, dia de São Francisco de Assis. Este homem enriqueceu o cristianismo com a sua espiritualidade da simpatia com a natureza. Ele se sentiu próximo dela numa relação fraterna. Acima de tudo, poderíamos chamá-lo de mestre da arte do cuidado. Ele soube cuidar de si mesmo, do outro (na pessoa do menos favorecido) e do mundo (natureza). Esta simples reflexão não deve parar por aqui, deve suscitar outras, que nos impulsionem a aprender essa arte, enquanto ainda é tempo. Se aprendermos as lições franciscanas do amor à natureza, a nossa esperança se fortalecerá. Salvemos a natureza nos tornando alunos louváveis da escola do cuidado.

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