Oconstante crescimento da tensão entre mulçumanos e cristãos nos leva a questionar a postura das grandes religiões monoteístas. As diferenças culturais entre oriente e ocidente são enormes. O choque cultural é inevitável. As culturas não estão num mesmo nível de compreensão da realidade. As religiões monoteístas sempre tiveram tendências absolutistas. O judaísmo historicamente foi menos problemático. O islamismo e o cristianismo fortemente marcados pela propagação da fé, quiseram se tornar religiões universais. E num sistema de verdade fechado não há espaço para a diversidade. Essas religiões trazem consigo uma visão de mundo monista.A modernidade forçou o cristianismo a uma conversão que o enriqueceu muito. Ajudou-o a recuperar o espírito primitivo: a religião da tolerância e do amor. Mas a cultura ocidentalista construída ao longo dos séculos contínua. Ela, veladamente, considera o oriente irracional e primitivo. Isso se deve à transposição cultural feita com o cristianismo, de um povo intuitivo, sensível para uma civilização marcada pela razão e pela metafísica. Por outro lado, o oriente islâmico considera os ocidentais como infiéis, ateus e materialistas e devem ser convertidos.A destruição do Word Trade Center deu início a uma grande cruzada na era contemporânea que fica cada vez mais tensa. As guerras no Afeganistão e no Iraque provaram a hipocrisia do Império Americano, ícone do ocidente. O fundamentalismo democrático pela força da razão sustenta uma aparência mascarada pelos ideais da Revolução Francesa, mas no fundo relativiza seus discursos em favor do mercado. Os fundamentalistas orientais são menos hipócritas. Seus ideais são levados até as últimas conseqüências, o indivíduo e a pátria se fundem. Dando ocasião para o tipo de “martírio” dos homens-bombas.Religião é uma questão séria demais. Por isso essas defesas violentas de convicções. Os monoteísmos universalizantes fizeram um difícil concubinato entre verdade e contradição. As religiões pregam a prosperidade do mundo, o amor de Deus e salvação dos homens, mas usam meios contraditórios para imporem essas verdades. É totalmente contraditório pregar Deus por meio da guerra. Para elas, a fé dignifica e autoriza uns a sacrificarem outros na tarefa de homogeneizar o mundo. O múltiplo não é tolerado. A proposição principal é: Deus é uno. Daí se justifica o monismo: uma só fé, uma só cultura, um só pensamento. O diverso é visto como subversão ao plano de Deus.O que fizemos da religião? Poderíamos nos perguntar. Um grande problema é a mediação histórica da verdade. Homens, lugares determinados e sistemas de pensamento tornam-se mediações necessárias para a verdade ou para Deus. As religiões do Livro sacralizam a palavra escrita e a amarram a conceitos fixos. Os intérpretes fazem da palavra seu refém. Ela profere literalmente a palavra de Deus de modo fixo e cristalizado. Todos os espaços da vida têm que ter uma referência ao divino. Há uma colonização do cotidiano pela Palavra cristalizada. A religião passa a ser condição fundamental para a antropologia – o homem é um subordinado ao Deus petrificado nas escrituras.Um conflito entre oriente e ocidente pode acontecer a qualquer momento. A grande cruzada reparadora da Idade Média é uma possibilidade a qual não podemos ignorar. O fim da história e do mundo pode ter como causa uma guerra religiosa. Assim provaremos para quem sobreviver o quanto conhecemos a verdade. Relativizamos o nosso conceito de dignidade humana para defendermos o divino. Somos religiosos para termos tempo para sermos humanos. Uma guerra religiosa é soco mais dolorido que podemos dar no coração de Deus, Numa religião que perde a razão de vista, a verdade e a contradição se confundem.
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