Dentre as diversas transformações trazidas pela pós-modernidade, pretendo abordar neste artigo o enfraquecimento do conceito de ciência. O positivismo pretendeu dar à ciência um caráter absoluto, uma objetividade impecável que afastava qualquer subjetividade da pesquisa científica. Com o decorrer dos anos esse cientificismo passou a ser asfixiante, o campo de atuação da ciência tornou-se vasto e uma crescente ramificação e especialização foram assumidas como solução.O conceito moderno de ciência nasceu atrelado à clareza e à distinção, separando-se de um conjunto de temas e procedimentos ditos anticientíficos. Esses princípios se intensificaram, tomaram diversas expressões como o iluminismo e o positivismo. Porém, com a pós-modernidade vemos um constante enfraquecimento do rigorismo científico principalmente nas ciências humanas. Temas e teorias inadmissíveis anteriormente passam a chamar a atenção dos cientistas.A ciência na pós-modernidade tornou-se relativa, personalizada, ramificada e aproximativa. Banalidades do cotidiano transformaram-se em objetos da ciência, de hora em hora nasce mais uma “logia” ou “grafia”. Muitas teorias internalizadas nos cotidiano pelas pessoas como se fossem verdades irrefutáveis e são aplicadas a torto e a direito gerando exclusões e determinismos. A psicologia de um tratado da filosofia metamorfoseou-se na religião salvífica do século XX. Absolutização das psicoterapias, a experiência de quase morte (EQM), a hipótese de Deus na astronomia, as teorias mirabolantes da parapsicologia, as regressões detalhistas são teorias admitidas como científicas que provêm mais do discurso da imaginação do que do conceito genuíno e forte de ciência.A terapia de vidas passadas se vincula a uma série de implicações pouco científicas. Brian Weiss, psiquiatra dos EUA na obra “Muitas Vidas, uma Só Alma” propõe a técnica da progressão. Pela hipnose poderia ver o que as pessoas serão no futuro. Uma síntese de imaginação cognitiva, metempsicose e noção confusa de tempo ganha uma roupagem científica e entra a todo vapor no mercado. E muitas outras hipóteses improváveis desfilam como ciência.A verdade para a pós-modernidade é uma experiência estética, individual, confirmada pela aparência. Toda relação cognitiva se reduz à hermenêutica, as teses e dissertações são apenas engenhosas colagens. O arranjo do discurso, a sua imagem garante a veracidade. Por essas razões acima citadas, chegamos a uma conclusão incipiente que estamos nos deparando com um enfraquecimento do conceito de ciência. Isto no põe de sobreaviso em relação aos produtos intelectuais que recebemos e assimilamos como científicos. Científico, verdadeiro e seguro não são mais sinônimos.
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